"Abastecimento está razoavelmente tranquilo", diz ministra da Agricultura
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse que o abastecimento de alimentos está razoavelmente tranquilo diante do que chamou de “clima de anormalidade” que o Brasil está passando em função da pandemia de coronavírus.
Segundo ela, não há informação sobe falta de alimentos nas prateleiras do varejo nem risco de desabastecimento no país. Ela participou da entrevista coletiva diária, no Palácio do Planalto, em Brasília (DF), em que a situação da pandemia no Brasil é atualizada.
“Nossa missão tem sido cuidar do abastecimento, da produção e distribuição do alimento. Felizmente, isso vem acontecendo dentro de todo esse clima de anormalidade. O abastecimento está razoavelmente tranquilo. Não temos notícia de que esteja faltando qualquer tipo de alimento nos supermercados e vendas”, disse Tereza Cristina.
Ela afirmou ainda que tem trabalhado em conjunto com o Ministério da Infraestrutura para que o transporte da produção seja feito da melhor maneira possível. Nesta semana, a Agricultura anunciou a criação de um comitê de crise para monitorar o abastecimento no país. Também foi criado um conselho nacional de secretários de transporte, com o objetivo de facilitar o diálogo entre União e os Estados.
“Temos as estradas e precisamos dessa categoria para que os alimentos saiam da porteira, cheguem nos armazéns, sejam encaminhados para as agroindústrias para que se transformem em alimentos e cheguem até as prateleiras dos supermercados para dar tranquilidade aos brasileiros”, afirmou a ministra. “Temos uma preocupação com o pessoal do leite. Temos mais de um milhão de produtores”, disse ela.
Fazendo um balanço das ações adotadas até agora pelo Ministério, Tereza Cristina destacou que foram editadas medidas para harmonizar as ações no Brasil, especialmente as relacionadas ao trânsito de trabalhadores da produção. E que tem sido pedido às empresas para seguir as orientações de saúde e segurança, como uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), distância entre pessoas e higiene.
A ministra disse ainda que o Ministério produziu uma cartilha com orientações, que será distribuída para pequenos produtores no Brasil. “Estamos conversando todos os dias, fazendo videoconferências com várias associações para tirar dúvidas, para que a gente possa ajudá-las a dar tranquilidade aos trabalhadores. E conversando com os Ministérios Públicos do Trabalho para que haja harmonização de ações”, disse ela.
Preços nos supermercados
Questionada sobre variações de preços de produtos nos supermercados, a ministra afirmou que pode acontecer de uma semana para outra. E vinculou a situação às dificuldades enfrentadas pelos caminhoneiros para desenvolver seu trabalho, como a falta de estruturas de apoio em rodovias.
“Temos verificado, acompanhado, mas, realmente, vamos ter que ter muita calma nessa hora. O que temos feito é checado para saber se existe falta para ter essa subida de preço ou não”, afirmou Tereza Cristina, acrescentando que esse trabalho tem sido feito no comitê de crise montado pelo Ministério.
A ministra reforçou que a principal preocupação de sua pasta é com os pequenos produtores rurais, que estão sentindo a mudança na forma de consumo de alimentos. As restrições de movimentação adotadas no país por causa da pandemia causaram o fechamento de bares e restaurantes, reduzindo a demanda de alimentação fora de casa.
“Esses pequenos produtores têm os produtos, mas, muitas vezes, não conseguem vender mais como faziam antes da crise do coronavírus. Estamos trabalhando com o Ministério da Economia para que eles produzam agora e, na hora que sairmos da crise, eles possam estar inseridos no sistema produtivo com sua produção cheia”, afirmou.
Fluxos de comércio
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou que o trabalho de cooperação do G20 pode se mostrar eficiente no enfrentamento da crise atual, tanto nas questões de saúde quanto nos impactos econômicos da pandemia. Segundo ele, existe entre os países do grupo a preocupação central com a saúde, mas também com a situação de trabalhadores e empresas.
“Uma convergência muito grande com ideias que são nossas, de que é preciso trabalhar na dimensão central da saúde e na dimensão central da preservação do emprego, sobretudo dos mais vulneráveis”, afirmou o ministro.
Araújo destacou também que há uma convergência entre os países sobre a importância da manutenção dos fluxos de comércio global. Segundo ele, há um comprometimento com evitar a adoção de medidas protecionistas, o que é fundamental para manter o comércio internacional funcionando.
“O Brasil tem uma responsabilidade muito grande e está cumprindo, de manter a sua produção e exportação agrícola. Hoje, o Brasil é um país que que contribui para a saúde mundial mantendo esses fluxos de comércio agrícola como um dos maiores exportadores de comida do mundo”, disse o ministro.
Segundo Ernesto Araújo, já foi feita a repatriação de cerca de 10 mil brasileiros que estavam em países atingidos pela pandemia de coronavírus. Ainda há outros 5,8 mil com dificuldades de retornar ao país, um trabalho que, segundo ele, tem sido feito em conjunto com as companhias aéreas brasileiras. E o governo começou nos últimos dias a fretar voos para países onde não há mais voos comerciais disponíveis.
“Tem uma dimensão de diálogo político. Tenho falado com muitos chanceleres e todos interessados em cooperação com o Brasil. Todos os brasileiros no exterior precisando de repatriação são prioridade de mesmo nível para nós. O atendimento nos consulados e embaixadas está mobilizado. É fundamental que os brasileiros se identifiquem, onde estão e qual a sua situação para que sejam atendidos”, afirmou.
Além de Tereza Cristina e Ernesto Araújo, participaram da entrevista coletiva os ministros Luiz Henrique Mandetta (Saúde), Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia), Fernando Azevedo e Silva (Defesa) e general Braga Neto (Casa Civil). De acordo com balanço atualizado do governo federal, o Brasil contabiliza até a última quarta-feira (1/4) 6.836 casos confirmados de contaminação por coronavírus, com 240 mortes. Fonte: Revista Globo Rural.