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Às vésperas da Páscoa, suspensão de feiras livres preocupa produtores de peixe


A suspensão de feiras livres e mercados abertos em alguns Estados por conta do risco de contaminação com o novo coronavírus tem preocupado o setor de piscicultura no país às vésperas da Páscoa.
 
Com cerca de 70% das vendas de peixes realizada nesses canais de distribuição nas regiões norte e nordeste do país, a Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR) avalia que as medidas de controle devam impactar as vendas para a Semana Santa, considerada o “Natal” do setor.
 
 “Estamos conversando no Amazonas e com outros grandes consumidores de tambaqui no sentido de encontrar alternativas para a comercialização”, explica Francisco Medeiros, presidente da Peixe BR.
 
Segundo ele, as vendas de peixes nativos nessas regiões costumam crescer até 50% durante a Páscoa - demanda que está em xeque este ano por conta das medidas de prevenção ao novo coronavírus.
 
"Nós nunca tivemos uma situação dessa num período de Semana Santa. Fazer qualquer previsão, nesse momento, seria um chute"
 
Francisco Medeiros, presidente da Peixe BR
“Entre as medidas propostas pela associação aos governos locais está a pulverização dos pontos de venda, mas ainda sem retorno sobre a sua possível implementação.
 
“O fechamento das feiras no Norte e Nordeste pode impactar muito o nosso negócio. Por isso, estamos atuando para que sejam adotadas outras medidas de contenção do vírus. A pressão é muito grande, a gente tenta procurar outros canais, mas internamente não sabemos como estão as discussões”, afirma o presidente da Peixe BR.
 
Validade preocupa
Outro aspecto importante em relação a esses mercados é o prazo de validade do peixe comercializado nessas regiões. Vendidos ainda frescos, precisam ser consumidos em até uma semana.
 
Com isso, diante das incertezas em relação ao funcionamento das feiras livres e mercados populares, os produtores já sentem uma queda na demanda por peixes nativos.
 
Alta no Sul e Sudeste
Nas regiões Sul e Sudeste do país, por outro lado, a demanda por peixes apresentou crescimento na última semana passada, acompanhando a ida em massa da população aos supermercados para se abastecer antes do período de isolamento social imposto pelas autoridades.
 
Com isso, Medeiros avalia que o maior consumo doméstico da proteína compensou a queda nas vendas para restaurantes, impedidos de funcionar desde o último dia 20, quando foi decretado estado de calamidade pública nacional.
 
Vendas na Ceagesp
Em seu último levantamento de oferta e demanda, a Ceagesp apontou aumento de 15% nas vendas de pescados entre os dias 16 e 21 de março, sendo um dos produtos mais procurados no entreposto da capital.
 
A companhia afirma não esperar queda na demanda pelo produto nos próximos dias justamente devido às festividades da Páscoa.
 
"O que nós estamos fazendo é manter a produção. Passando a Semana Santa, caso se observe que houve redução no consumo, aí sim começamos a reduzir. Mas no momento o objetivo é não perder a oportunidade da Semana Santa"
 
Francisco Medeiros, presidente da Peixe BR
Futuro incerto
De acordo com a associação, as vendas de peixes de criação durante as primeiras semanas de abril apresentam crescimento de cerca de 30% nas regiões Sul e Sudeste, o que tem motivado a manutenção da produção.
 
Além disso, Medeiros explica que o ciclo de produção na piscicultura pode chegar a até 9 meses, o que dificulta ainda mais uma redução brusca na oferta.
 
“Será que daqui nove meses a coisa vai estar do mesmo jeito? E se reduzirmos a produção e o consumo estiver normalizado? Só depois da Semana Santa é que a gente  vai ver o impacto dessas mudanças de mercado”, avalia o produtor. Fonte: Revista Globo Rural.