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Cultivo de peixe-panga passa a ser permitido no Ceará


O peixe-panga é uma espécie que está cada vez mais se popularizando na piscicultura. Motivo de controvérsia com a sua chegada no Brasil, ele ganha espaço na produção brasileira.
Esse crescimento é bastante visível, algo que podemos perceber a partir do aumento de toneladas produzidas. O peixe-panga consta na categoria "outras espécies de peixes de cultivo", que registraram um salto de 8,72%, saindo de 34.370 toneladas para 37.927 toneladas.
Esse aumento se explica, principalmente pelo panga, que está mais presente em estados do Sudeste brasileiro, mas principalmente no Nordeste. Os dados são do Anuário Peixe BR de Piscicultura 2020, produzido pela Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR).
Seguindo esta tendência, o peixe-panga passou a ser permitido no Ceará. A partir da sanção da Lei Nº 17.453, está permitido o cultivo do peixe do gênero Pangasiandon hypophthalmus (Pangasius). Assim, todos os produtores estão liberados para exercer formalmente a atividade, tanto para produção, quanto para comercialização.
Basicamente, o peixe-panga é um tipo de bagre e a indicação é que ele seja comercializado quando chegar a 1,5 quilo.
Sua popularidade entre os produtores têm aumentado devido ao bom rendimento de filé, sendo até 40% em relação ao peso. Para termos uma base, outro peixe extremamente conhecido e amplamente difundido no Brasil, a tilápia, alcança cerca de 33%.
É importante destacar que a nova espécie não está sendo implementada para concorrer com a tilápia. A legislação no Ceará trabalha, na realidade, para trazer uma nova opção econômica, principalmente para pequenos produtores que trabalham na linha da agricultura familiar.
Além disso, o peixe-panga apresenta outra facilidade para os produtores, pois ele pode ser cultivado em viveiros escavados e apresenta bastante resistência e capacidade de adaptação.
No entanto, para o público cearense, pode ter um início de dificuldade para ser implementado no mercado, já que os bagres não são tão inseridos na tradição do estado. Isso precisa ser levado em conta para quem está pensando em criar novos cultivos, independente do lugar em que estiverem.
É claro que tudo isso precisa ser levado em conta para os novos produtores. Mas com uma divulgação adequada, a tendência é de que o peixe caia no gosto de todos.
Temos exemplos positivos de consumo da espécie. Alguns estados no Brasil já estão cultivando o peixe-panga, a exemplo de São Paulo, Rio Grande do Norte e Paraíba.
 
 
Por último, a Lei Nº 17.453 também estabelece que “poderão ser celebrados convênios, firmadas parcerias ou termo de cooperação”.
Assim, será possível fomentar a atividade no Ceará, que tem ampla tradição na piscicultura e carcinicultura. Para termos uma ideia, o estado já chegou a ser o maior produtor de tilápia no país e sempre figurou entre os principais no cultivo de camarão.
Sobre o peixe-panga
O peixe-panga tem origem no Vietnã. Ele é criado e pescado há milênios no rio Mekong, um dos maiores cursos d'água do mundo.
Cada vez mais popular, ele não é consumido apenas no pequeno país asiático, já que é exportado para a União Europeia, Estados Unidos e Rússia.
Por muito tempo foi motivo de polêmica no Brasil, principalmente por matérias e publicações nas redes sociais difundidas de forma equivocada ou sem a informação completa.
Existiam boatos que afirmavam que sua carne é imprópria, por ser um animal cheio de vermes e metais pesados. No entanto, precisamos ter consciência de que isto ocorre apenas em pequenos rios do Vietnã e somente apenas quando não é criado em cativeiro.
Ou seja, aqueles produzidos pela piscicultura brasileira não oferecem riscos à saúde de ninguém. Além disso, é fundamental ressaltar que toda importação passa por uma minuciosa inspeção federal.
Isto ocorre para qualquer tipo de carne que entra no país, fazendo a certificação de que o Brasil fique livre de qualquer contaminante.
Especula-se que os boatos teriam começado a partir do hábito alimentar da espécie. O peixe-panga é onívoro e até mesmo necrófago, ou seja, ela come tudo o que está disponível, incluindo restos de animais mortos.
Desse modo, peixes capturados diretamente no rio Mekong podem apresentar algum tipo de risco, por óbvio, mas isso pode acontecer para qualquer espécie de peixe.
Por isso, os peixes criados em cativeiro, como é o caso da piscicultura brasileira, são alimentados apenas com ração, o que faz de todo produto seguro para consumo.
Outra explicação para estes boatos pode estar localizada em uma certa preocupação desnecessária com relação ao valor do peixe.
Como ele é um dos mais baratos do mercado, pode sofrer um certo tipo de preconceito e não ser tão bem aceito entre os brasileiros.
Mas isto é algo que podíamos reparar no início, logo quando ele surgiu e era tudo recente. Atualmente, está bem mais difundido com informações corretas e bem apuradas.
Vale destacar que o Ministério da Agricultura já fez diversas inspeções no Vietnã, algo que ocorre desde 2009, o que colabora para eliminar estes boatos.
Por último, vale destacar as características peixe-panga possui características que agradam o consumidor brasileiro, basta apenas que ele conheça ainda mais.
Ele apresenta textura firme, cor branca, sabor suave e sem espinhas. Também é bastante versátil, permitindo vários tipos de preparos (grelhado, frito, assado e ensopado).
Sem contar, é claro, o ótimo custo-benefício e a praticidade do peixe pode ser congelado, comercializado limpo e em grandes partes de filés.
Por Engepesca
Foto: Divulgação