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​Embrapa é reconhecida pela ONU por trabalhos no Tocantins


Além das temáticas presentes em seu nome, a Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO) desenvolve pesquisas e outros trabalhos em sistemas agrícolas na região do Matopiba. E foi essa atuação que a Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu como boa prática em termos de sustentabilidade. Junto com diversos parceiros públicos e privados, a Unidade vem trabalhando desde 2012 com projetos no contexto do Programa ABC, que incentiva a prática de uma agricultura com baixa emissão de carbono e, portanto, mais sustentável.
 
Os projetos de transferência de tecnologia em sistemas agrícolas dessa Unidade da Embrapa contribuem para alguns dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs), metas mundiais estabelecidas pela ONU que fazem parte da chamada Agenda 2030. Por meio dessa agenda, os países assumiram compromisso global por um mundo que seja, de fato, desenvolvido, sobretudo em se tratando da sustentabilidade enquanto conceito que envolve as três tradicionais dimensões: ambiental; econômica; e social.
 
No Tocantins, a Embrapa coordena diferentes projetos seguindo metodologia que inclui dois pontos-chave: uma rede de técnicos, tanto da iniciativa pública como da privada, periodicamente capacitados no que há de mais recente em tecnologias sustentáveis de produção; e Unidades de Referência Tecnológica (URTs), áreas em propriedades rurais parceiras em que os técnicos aplicam na prática as tecnologias aprendidas na capacitação. Esse ciclo que envolve teoria e prática vai sendo aprimorado com o passar do tempo, trazendo ganhos sobretudo aos produtores rurais.
 
A atual equipe da Embrapa mais diretamente envolvida nos projetos é variada, tanto em termos de formação (Agronomia e Zootecnia) como no que se refere à atuação na empresa (Pesquisa e Transferência de Tecnologia). Uma das pessoas que está à frente dos trabalhos é a pesquisadora Márcia Grise. Segundo ela, “os nossos trabalhos de Transferência de Tecnologia em sistemas agrícolas envolvem vários stakeholders, sendo compostos por várias parcerias que trabalham de forma colaborativa, alinhando seus interesses em torno de uma visão comum, integrando competências e recursos, beneficiando cada um dos parceiros e indo ao encontro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 2030”.
 
 A pesquisadora relata o histórico dos projetos relacionados ao Programa ABC no Tocantins. O primeiro, intitulado ABC TO, começou em 2012 e trabalhou a recuperação de pastagens degradadas e a integração lavoura-pecuária. No ano seguinte, teve início o ABC Leite, focado no incentivo à pecuária leiteira mais tecnológica e sustentável. Já em 2016, começou na região projeto de Transferência de Tecnologia em Integração Lavoura-Pecuária-Floresta. Em 2017, foi a vez do ABC Corte, projeto que incentiva a produção intensiva de carne a pasto. No ano seguinte, o Balde Cheio em Rede, voltado à produção intensiva de leite a pasto, teve início no Tocantins. E mais recentemente, em 2019, começou o ABC Soja Sustentável, focado na produção de soja em plantio direto de qualidade e/ou em integração com a pecuária.
 
“De maneira geral, temos tido uma ótima aceitação por parte dos técnicos e produtores em todos estes projetos, pois os técnicos percebem que, na medida em que vão se capacitando e especializando em determinadas tecnologias (processos agropecuários), agregam valor ao seu próprio trabalho, aumentando sua carta de clientes e até mesmo podendo cobrar um valor diferenciado por seus serviços. Por outro lado, estes projetos, além de permitirem uma boa relação entre os produtores e a Embrapa, permitem que os produtores tenham à disposição, em sua região, assistência técnica qualificada, capacitada e monitorada pela equipe da Embrapa”, resume Márcia.
 
Alguns resultados
 
Os diferentes projetos que, em conjunto, foram agora reconhecidos como boa prática pela ONU apresentam resultados em variados aspectos. Por exemplo, na safra 2019/2020, a produtividade média em 20 URTs do ABC Corte foi de 24,77 @/ha/ano em 183 dias de pastejo/ano. Índice cinco vezes maior que a média nacional, que foi em torno de 5 @/ha/ano. Já dados preliminares do ABC Soja Sustentável apontam incremento médio de 9 sacas/ha por conta do uso de palhada residual de forrageiras com alto aporte de biomassa.
 
De acordo com Márcia, “este resultado demonstra que o ganho de produção compensa os custos de implantação da forrageira com alto aporte de biomassa na entressafra. É importante ressaltar que os resultados de incremento de renda ficam ainda mais evidentes em URTs que possuem sistema integrado com animais em pastejo”.
 
Os trabalhos de transferência de tecnologia em sistemas agrícolas que a Embrapa coordena já há quase 10 anos no Tocantins (e mais recentemente no Sudeste do Pará) foram reconhecidos como boa prática pela ONU por estarem relacionados a três Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. O primeiro deles refere-se ao ODS 2, que é “acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhorar a nutrição e promover a agricultura sustentável”. Outro ODS relacionado é o 10, que fala sobre “reduzir a desigualdade dentro e entre os países”. Por fim, há também relação com o ODS 13, intitulado “tomar medidas urgentes para combater as mudanças climáticas e seus impactos”.
 
O reconhecimento da ONU veio por meio da 2ª Chamada Aberta para Boas Práticas, Histórias de Sucesso e Lições Aprendidas ODS. Acesse mais informações no link https://sdgs.un.org/partnerships/low-carbon-agriculture-put-practice-brazilian-savannas   (disponível em inglês e em português).
 
Por Clenio Araujo - Embrapa Pesca e Aquicultura
Foto: Divulgação