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​Produção brasileira de peixes de cultivo segue crescente


A produção brasileira de peixes de cultivo segue crescente, com o aumento da participação da criação de tilápia. O volume total de peixes chegou a 722.560 toneladas em 2018, com alta de 4,5% sobre as 691.700 toneladas do ano anterior, de acordo com a Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR). Neste mesmo ano, a receita gerada pela piscicultura foi estimada em R$ 5,4 bilhões. "O resultado poderia ter sido ainda maior se a regulamentação dos piscicultores não continuasse demorando tanto em quase todos os estados do País", destaca Francisco Medeiros, presidente executivo da Peixe BR.
 
 
Conforme a Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a piscicultura brasileira totalizou 519,3 mil toneladas em 2018, com alta de 3,4% em relação ao ano anterior, gerando o valor de R$ 3,3 bilhões. Desde 2016, o Sul é a principal região produtora de peixes, respondendo por 32% do total em 2018. As regiões Norte, Nordeste e Sudeste foram responsáveis por 19%, 19% e 17,8%, respectivamente. O Paraná assumiu a liderança do ranking dos estados desde 2016 e produziu 23,4% do total nacional em 2018, seguido por São Paulo (9,9%) e Rondônia (9,7%).
 
De acordo com Francisco Medeiros, o clima prejudicou a criação de peixes em alguns estados do Norte e do Nordeste. Além disso, a tendência positiva de produção em alguns polos foi revertida por problemas sanitários. O consumo interno foi impactado pela economia do País, com o Produto Interno Bruto (PIB) nacional crescendo 1,1%, além do impacto do desemprego e do trabalho informal. O consumidor tende a optar por alimentos mais baratos diante da crise econômica. O que é comprovado com o aumento do consumo per capita de ovos e de carne de frango.
 
A piscicultura é uma atividade em crescimento e com grande potencial devido aos recursos hídricos do Brasil, às dimensões continentais, ao clima propício e ao empreendedorismo dos produtores. Mesmo com os problemas enfrentados pela atividade, Medeiros considera o desempenho de 2018 positivo. "Mais uma vez avançamos mais que as demais proteínas animais, além de evoluir também como cadeia produtiva", avalia. A previsão era que a trajetória de aumento seria mantida em 2019.
 
O consumo brasileiro de peixes é de menos de 10 quilos por pessoa ao ano. Essa média é menor do que o consumo de outras proteínas animais. O volume médio mundial é de 20 quilos por habitante ao ano. De acordo com Medeiros, há várias ações para estimular a demanda de peixes de cultivo no País. No segundo semestre de 2018, por exemplo, a Peixe BR e associados lançaram uma campanha nacional como parte da ação "Semana do Peixe". Desde então, nas mídias sociais da entidade são divulgadas várias informações, como receitas, características e benefícios do peixe para a saúde.
 
O Brasil ainda importou 358,3 mil toneladas de pescados em 2018, volume menor do que as 403 mil toneladas do ano anterior, de acordo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Em valor, a aquisição totalizou US$ 1,333 bilhão em 2018, contra US$ 1,377 bilhão no ano anterior. A importação menor é reflexo do aumento do consumo da produção nacional e da melhora da competitividade da piscicultura brasileira.
 
"A compra externa não será suprimida porque há peixes como salmão e bacalhau que não conseguimos produzir", acrescenta Medeiros.
 
Espécie principal
 
A tilápia é a espécie mais produzida no País e a que mais cresce nos últimos anos. A produção foi de 400.280 toneladas em 2018, com acréscimo de 11,9% em relação ao ano anterior (357.639 t), de acordo com a Peixe BR. Com esse resultado, a espécie representou 55,4% da produção total de peixes de cultivo (era de 51,7% em 2017). O Brasil mantém a quarta posição mundial de tilápia, atrás de China, Indonésia e Egito. O tambaqui é o segundo tipo mais cultivado no País. A produção foi de 287.910 toneladas em 2018, com queda de 4,7%. A região Norte é a principal responsável pela oferta do peixe nativo.
 
A criação de tilápia no País aumentou bem acima da oferta de peixes de cultivo como um todo. Em 2018, os estados de Tocantins e Mato Grosso aprovaram a produção da espécie em tanques-rede. A tilápia está presente em todos os estados brasileiros, porém em alguns estados do Norte não há comercialização, segundo o censo agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os maiores produtores de tilápia
foram os estados de Paraná, com 123 mil toneladas; São Paulo, 69,5 mil toneladas; Santa Catarina, 33,8 mil toneladas; Minas Gerais, 31,5 mil toneladas; e Bahia, 24,6 mil toneladas.
 
O Paraná permanece no posto de maior produtor de peixes do Brasil, com o volume de 129.900 toneladas em 2018. Em seguida estão São Paulo, com 73.200 toneladas; Rondônia, com 72.800 toneladas; Mato Grosso, 54.510 toneladas; e Santa Catarina, com 45.700 toneladas. Os maiores resultados seguintes foram obtidos por Maranhão (39.059 toneladas), Minas Gerais (33.150 toneladas), Goiás (30.630 toneladas), Bahia (30.460 toneladas) e Mato Grosso do Sul (25.850 toneladas). O Maranhão passou do décimo lugar em 2017 para a sexta posição em 2018.