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Vendas caem 80% e mercado de Teresina tem churrasco com 600 kg de peixe para orientar sobre doença da urina preta


Permissionários do Mercado do Peixe de Teresina realizaram um churrasco de peixes no local, com o objetivo de recuperar as vendas e orientar a população sobre a Síndrome de Haff, conhecida como doença da urina preta.
 
A doença associada ao consumo de peixes, que não foi registrada no Piauí, segundo os vendedores, gerou queda de 80% nas vendas.
Os vendedores e a direção do mercado decidiram realizar o evento para explicar para a população um pouco sobre a doença, desfazer boatos e estimular o consumo de peixes, cuja carne é considerada muito saudável, especialmente por conter baixo teor de gordura.
"Ao todo são 120 trabalhadores no mercado, que estão sofrendo o impacto com a queda das vendas, que diminuiu em 80% as vendas, principalmente nas espécies mais atingidas pela redução, que eram as mais procuradas: a tilápia e o tambaqui. O evento é realizado pelos próprios permissionários para chamar atenção das autoridades e da população", segundo Francisco de Macedo, diretor do mercado.
No local, os vendedores estão promovendo a degustação de peixes acompanhados de farofa e vinagrete, para chamar a população a consumir os pescados.
 
Moises Pereira é permissionário e vende tilápia e tambaqui há cerca de 15 anos. Ele disse que nem no início da pandemia as vendas caíram tanto quanto agora.
 
"Eu vendia cerca de 600 kg por semana. Hoje vendo 200 kg no máximo. Já tem uns 15 dias que as vendas estão abaixo do normal. Queda geral", lamentou.
Orientações
A Secretaria de Estado da Saúde informou que o estado não tem casos confirmados da doença e que a contaminação se dá por meio de uma toxina que pode ser encontrada em peixes como o tambaqui, badejo, piratinga, arabaiana ou em crustáceos, como a lagosta, caranguejo e o camarão.
A toxina, sem cheiro e sem sabor, surge quando o peixe não é guardado e acondicionado de maneira adequada. Amélia Costa, gerente e epidemiologia do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde do Piauí (Cievs-PI), disse que os consumidores podem ter alguns cuidados para evitar a contaminação.
 
“Esses alimentos devem sempre ser guardados em baixa temperatura, e consumidos o mais breve possível após sua compra, evitando deixá-los muito tempo na geladeira, já que as condições sanitárias são importantes para evitar contaminação”, disse Amélia Costa.
 
Conforme orientação do Ministério da Saúde, não há nada específico que possa ser feito para evitar a doença, mas a indicação é reduzir o consumo de peixes ou comprá-los em locais onde se conhece o processo de transporte e guarda.
O que causa essa doença e o que já se sabe?
A enfermidade é causada por uma toxina que pode ser encontrada em espécies de peixes e crustáceos, e pode levar à insuficiência renal e morte, segundo o Ministério da Saúde.
Exemplos: tambaqui, badejo, arabaiana e crustáceos, como lagosta, lagostim e camarão.
Acredita-se que esses animais possam ter se alimentado de algas com certos tipos de toxinas que, consumidas pelo ser humano, provocam os sintomas.
A toxina, sem cheiro e sem sabor, surge quando o peixe não é guardado e acondicionado de maneira adequada.
O sintoma principal é a urina escura, pois a toxina é eliminada na urina.
O quadro descrito nos pacientes graves é compatível com a rabdmiólise, doença que destrói as fibras que compõem os músculos do corpo. Quando associada ao consumo de peixes, a síndrome é conhecida como Doença de Haff.
Tratamento e prevenção
O Ministério da Saúde aponta que a hidratação é "fundamental nas horas seguintes ao aparecimento dos sintomas, uma vez que assim é possível diminuir a concentração da toxina no sangue, o que favorece sua eliminação através da urina". Em casos mais graves, pode ser preciso fazer hemodiálise.