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Abertura de novos mercados faz Brasil mirar protagonismo em peixes de cultivo até 2022


A abertura de novos mercados para as exportações de peixes de cultivo prometem tornar 2020 um divisor de águas para o Brasil. O setor aposta na tilápia - peixe no qual o Brasil é extrermamente competitivo - para alavancar as vendas externas, que hoje representam menos de 2% de toda a produção nacional.
 
“A gente habilitou plantas [frigoríficas brasileiras] para vender para a China e Coreia do Sul, dois mercados que compram muito peixe”, observa Francisco Medeiros, presidente da Associação Brasileira de Piscicultura (Peixe BR).
 
Uma das primeiras vitórias do setor foi em 2018, quando um laudo técnico da Embrapa validou o drawback para tilápia e seus subprodutos. Na prática, com isso as empresas que criam peixes para exportar podem comprar insumos sem a incidência dos impostos federais. A conquista já rendeu fruto: as vendas externas de peixes de cultivo no ano passado cresceram 26%.
 
E o fluxo de vendas continua aquecido mesmo com a Covid-19. Dados da Embrapa Pesca e Aquicultura mostram que, no primeiro semestre de 2020, as exportações de peixe e derivados tiveram alta de 33% em relação ao mesmo período do ano anterior.
O objetivo da Peixe BR é, em dois anos, estar competindo com a China, que é o maior player do mercado de pescado do mundo. “Nos primeiros quatros meses deste ano, aumentamos em 110% as exportações de tilápia para os EUA. A maior parte disso foi filé fresco, que vai por avião”, diz Medeiros. “Se não tivessem as restrições de voos [por causa da Covid-19], o incremento poderia estar na casa de 200%”, acrescenta.
 
Covid-19 e piscicultura
Pode-se dizer que o impacto do coronavírus nos dois peixes mais cultivados no Brasil – tilápia e tambaqui – foi brando. “No período de quaresma, costumávamos ter um aumento de vendas de 30% a 50% dependendo da região. Este ano não tivemos o incremento, mas mantivemos as vendas históricas dos meses anteriores”, afirma Medeiros.
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Os produtores que forneciam para frigoríficos que tinham como cliente final bares e restaurantes foram os mais atingidos. Na contramão, aqueles que entregavam para indústrias de processamento voltadas para redes de supermercado não registraram quedas. “Inclusive, houve um aumento do ticket médio do produto nas principais redes de supermercados”, ressalta o presidente da Peixe BR.
 
A pandemia aumentou um pouco o custo de produção para o piscicultor, mas nada muito significativo, segundo a entidade. Também não houve interrupção na cadeia de suprimentos (ração e medicamento). A única adaptação foi nos frigoríficos, que afastaram os funcionários do grupo de risco para a doença.
Por Revista Globo Rural
Foto: Divulgação