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​Aditivos fortalecem o sistema imunológico e previnem doenças em tilápias


Na busca por soluções que fortaleçam o sistema imunológico e previnam doenças em criações de tilápias, os aditivos nutricionais têm se destacado como uma alternativa eficiente e sustentável. A importância desse tema foi abordada em uma palestra durante o 20º Seminário Estadual da Piscicultura, realizado em meados de agosto, em Maripá, PR, com o zootecnista e pesquisador do Grupo de Estudos de Manejo na Aquicultura (GEMAq), da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), professor Fabio Bittencourt.

 
O pesquisador ressaltou que é importante salientar que existem muitos aditivos que podem ser utilizados com diversos intuitos e, entre eles, aqueles que fortalecem o sistema imunológico dos peixes são destaque e têm sido utilizados como uma estratégia eficaz para fortalecer a saúde das tilápias. “As principais substâncias utilizadas atualmente são β-glucanos, prebióticos, probióticos, óleos essenciais (fitoextratos), ácidos orgânicos, entre outros. Essas substâncias atuam de diversas formas nos organismos dos peixes, desde a criação de uma barreira biológica que impede a invasão de microrganismos nocivos até a melhoria das ações do sistema imunológico por diferentes vias de ativação”, afirma.
 
 
Ele explica que além de fortalecer a saúde dos peixes, os aditivos nutricionais contribuem para reduzir a necessidade de tratamentos farmacológicos nas criações, proporcionando um ambiente mais saudável e evitando o uso excessivo de medicamentos. “A inclusão de aditivos nas rações pode auxiliar no bem-estar e no desenvolvimento das tilápias, evitando o uso de qualquer fármaco para profilaxia ou tratamento”, observa. Em entrevista exclusiva ao jornal O Presente Rural, ele acrescenta que a nutrição é apenas um dos elos que os produtores devem atentar-se. “É preciso ficar atento em diversos fatores, pois os peixes estão sujeitos a várias interferências que podem desafiá-los, constantemente, durante sua criação”.
 
Principais vantagens
 
Entre os principais benefícios dos aditivos nutricionais na saúde dos peixes, Bittencourt destaca quatro. O primeiro é que eles modulam o crescimento de bactérias benéficas à saúde e bem-estar dos peixes, evitando a proliferação de microrganismos patogênicos que tenham ações deletérias aos animais, Em segundo lugar, eles melhoram o sistema imune dos animais para que eles suportem os manejos e as alterações ambientais causadores de estresse. Em terceiro, reduzem o estresse oxidativo dos tecidos. Em quarto e não menos importante, estimulam a produção de células de defesa. “Quando os peixes são produzidos com todos os cuidados, eles podem expressar o potencial de crescimento e, até, melhorar a absorção dos nutrientes, reduzindo os resíduos metabólicos e melhorando a qualidade da água dos ambientes de criação”, explica.
 
Manejo, água e ração
 
Fábio também falou sobre a importância das práticas de manejo para minimizar o risco de doenças em criações de tilápias, enaltecendo que a qualidade da água dos sistemas de produção, aliado ao manejo alimentar, os cuidados com os utensílios utilizados e a preparação adequada dos viveiros antes do recebimento de novos lotes são aspectos fundamentais para garantir o desenvolvimento dos peixes. “O cuidado na rotina das atividades da piscicultura é essencial para minimizar a disseminação de patógenos entre e nos ambientes de produção. O primeiro ponto a ser observado é a qualidade da água dos sistemas de produção. Alterações bruscas na temperatura, no oxigênio dissolvido e no pH podem levar a efeitos distintos nos animais e um deles é a supressão do sistema imunológico, beneficiando os organismos patogênicos. Cuidados com os utensílios utilizados nos manejos dos animais podem evitar sobremaneira o aparecimento de doenças na criação”, recomenda.
 
Ele acrescenta que o manejo alimentar e a qualidade da ração a ser ofertada também são fundamentais para o desenvolvimento satisfatório dos peixes. “Escolher os melhores horários do dia para efetuar os manejos de despesca, seja ela para a classificação ou para o abate dos peixes. Todos os processos profiláticos de preparo dos viveiros antes do recebimento de um novo lote devem ser respeitados. Além de ter atenção no carregamento e transporte dos animais de uma propriedade a outra. São muitas as diretrizes que devem ser seguidas para que a piscicultura tenha sucesso durante o período de criação”, alerta.
 
O professor também enfatiza a importância do cuidado para que as rações atendam as exigências nutricionais dos animais em proteína, lipídeos, carboidratos, minerais e vitaminas. “Isso implica em vários fatores, pois o processamento da dieta e a escolha dos ingredientes são fundamentais para garantir o efeito desejado. Ao fornecer uma dieta completa, palatável e de alta digestibilidade, o cuidado passa a se voltar aos manejos adotados durante a produção. Mais uma vez, o principal ponto de observação é a qualidade da água dos viveiros. Fornecer alimento quando os parâmetros hídricos estão fora do recomendado é perda de tempo, de qualidade do ambiente de produção, de dinheiro e de saúde dos peixes. Portanto, o manejo e a nutrição são garantidores de sucesso na piscicultura”, adverte.
 
Segurança alimentar
 
O docente também discorreu sobre a segurança na utilização dos aditivos, destacando a nec essidade de escolher suprimentos que não sejam nocivos aos animais, ao ambiente e ao consumo humano, além da importância de seguir as dosagens recomendadas pelos especialistas e fabricantes. “Atentar-se a esses aspectos é fundamental para garantir a segurança alimentar dos produtos finais que são destinados ao consumo humano. É primordial que sejam sempre utilizados produtos com eficiência comprovada”, sugere.
 
Inovação tecnológica
 
 
Integrantes do Grupo de Estudos de Manejo na Aquicultura (GEMAq), da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) – Foto: Arquivo Pessoal
 
Bittencourt destacou que a inovação tecnológica tem desempenhado um papel importante no avanço da nutrição e manejo de peixes, uma vez que os processos dentro do setor de produção de proteína animal têm permitido a intensificação e o aumento da produção de proteína de alto valor biológico, contribuindo para a sustentabilidade da aquicultura. “Os avanços tecnológicos vão em direção da manutenção adequada dos ambientes onde os animais estão confinados. Vale a pena enfatizar que a nutrição passa por essas etapas e atualmente temos excelentes rações disponíveis no mercado que dia após dia são melhoradas tanto em seus processos de elaboração quanto aos insumos utilizados. Da mesma maneira, as metodologias de manejo adotadas nas propriedades são constantemente avaliadas para se reduzir a manipulação e o estresse dos peixes”, evidencia.
 
Desafios
 
O pesquisador também fez um alerta a respeito dos desafios enfrentados pelos produtores a respeito da falta de informação e preparação técnica. “Em muitos casos, os produtores não detêm o conhecimento sobre quais substâncias serão utilizadas, quais suas maneiras de ação, a forma como o produto deve ser incluído nas rações, o formato como estão disponíveis no mercado (secos, líquidos, etc.), as dosagens ideais, entre outros. É necessário buscar assessoria para garantir a eficácia dos produtos”, pondera.
 
O professor destaca ainda que é muito importante que o produtor e os extensionistas estejam sempre atualizados e buscando informações que possam ser úteis no dia a dia da piscicultura. “A nutrição tem o objetivo de melhorar e dar suporte ao animal de maneira integrada e não só pensando no sistema imunológico de maneira isolada. Ainda, que a nutrição é somente uma das pontas importantes na cadeia produtiva e que a genética, o manejo e a ambiência são complementares e não devem ser esquecidos. Somos importantes produtores nacionais e mundiais, isso é resultado de muito trabalho, esforço, dedicação, pesquisa, desenvolvimento e, acima de tudo, profissionalismo”, finaliza.
 
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Fonte: O Presente Rural
Foto: Arquivo/OP Rural