Artigo
Carcinicultura: metas alcançadas em 2023 e novos horizontes em 2024
O acirramento da crise financeira mundial tem contribuído para a queda dos preços nos principais mercados importadores de camarão, que, por sua vez, baixaram a níveis quase que insustentáveis e diminuíram as previsões de redução da produção global setorial. Todo esse cenário contribuiu para duas indagações recorrentes: o que realmente está acontecendo com o camarão? Como explicar que a estrela da gastronomia mundial e de frutos do mar, esteja passando por essas dificuldades?
Notadamente, os preços do camarão in natura estão caindo na porteira das fazendas em todos os países produtores de camarão marinho cultivado que dependem do mercado internacional. Para isso, basta ver que em agosto de 2023, os preços médios do camarão de 16 gramas (60) mostram os seguintes comportamentos por kg na porteira da fazenda dos principais países produtores: Equador (US$ 2,60); Índia (US$ 3,50); Vietnã (US$ 3,50); Indonésia (US$ 3,80); e Tailândia (US$ 3,60/kg). Esses dados mostram que, na verdade, esses preços estão muito abaixo da necessidade para uma remuneração justa aos seus produtores.
O Brasil, que desde 2010 praticamente deixou de participar do mercado internacional, tem um curioso desempenho a ser analisado: mesmo com a pandemia da Covid-19, em especial o do camarão marinho cultivado, que comercializa cerca de 60% da sua produção na condição de produto fresco in natura, de forma surpreendente, a produção nacional cresceu 33,33% no período mais crítico da pandemia.
Tomando como referência o ano de 2016 (60.000 toneladas), o ano passado apresentou um incremento de 150% (150.000 toneladas), com um detalhe muito importante: de um total de 382.000 toneladas produzidas entre 2020 a 2022, apenas 618 toneladas (0,16%) foram exportadas. Ou seja, 99,84% (381.382 toneladas) foi destinada ao mercado interno.
Inclusive, quando se analisa a variação de preços no período mais crítico da pandemia (abril, maio, junho e julho) de 2020 e 2021, com o mesmo período de 2022 e 2023, fica muito claro que as quedas de preços são manipuladas pela cadeia de intermediação, utilizando-se da fragilidade dos micros e pequenos produtores, que já representam 88% dos carcinicultores brasileiros e que não contam com apoio financeiro, quer seja para investimentos ou custeio operacional.
Para isso, basta ver que, de janeiro a agosto de 2023, o preço base para o camarão de 10 g, beneficiado e congelado, se manteve no mesmo patamar (R$ 30,00/kg inteiro), e R$ 62,00/kg, filé). Neste cenário, o custo de processamento é respectivamente R$ 3,30 e R$ 7,20/kg, exatamente pela maior vida de prateleira e, naturalmente, pela consistente demanda do mercado interno.
Por Itamar Rocha, presidente da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC) para Anuário Seafood Brasil #50.
Foto: Divulgação
Notadamente, os preços do camarão in natura estão caindo na porteira das fazendas em todos os países produtores de camarão marinho cultivado que dependem do mercado internacional. Para isso, basta ver que em agosto de 2023, os preços médios do camarão de 16 gramas (60) mostram os seguintes comportamentos por kg na porteira da fazenda dos principais países produtores: Equador (US$ 2,60); Índia (US$ 3,50); Vietnã (US$ 3,50); Indonésia (US$ 3,80); e Tailândia (US$ 3,60/kg). Esses dados mostram que, na verdade, esses preços estão muito abaixo da necessidade para uma remuneração justa aos seus produtores.
O Brasil, que desde 2010 praticamente deixou de participar do mercado internacional, tem um curioso desempenho a ser analisado: mesmo com a pandemia da Covid-19, em especial o do camarão marinho cultivado, que comercializa cerca de 60% da sua produção na condição de produto fresco in natura, de forma surpreendente, a produção nacional cresceu 33,33% no período mais crítico da pandemia.
Tomando como referência o ano de 2016 (60.000 toneladas), o ano passado apresentou um incremento de 150% (150.000 toneladas), com um detalhe muito importante: de um total de 382.000 toneladas produzidas entre 2020 a 2022, apenas 618 toneladas (0,16%) foram exportadas. Ou seja, 99,84% (381.382 toneladas) foi destinada ao mercado interno.
Inclusive, quando se analisa a variação de preços no período mais crítico da pandemia (abril, maio, junho e julho) de 2020 e 2021, com o mesmo período de 2022 e 2023, fica muito claro que as quedas de preços são manipuladas pela cadeia de intermediação, utilizando-se da fragilidade dos micros e pequenos produtores, que já representam 88% dos carcinicultores brasileiros e que não contam com apoio financeiro, quer seja para investimentos ou custeio operacional.
Para isso, basta ver que, de janeiro a agosto de 2023, o preço base para o camarão de 10 g, beneficiado e congelado, se manteve no mesmo patamar (R$ 30,00/kg inteiro), e R$ 62,00/kg, filé). Neste cenário, o custo de processamento é respectivamente R$ 3,30 e R$ 7,20/kg, exatamente pela maior vida de prateleira e, naturalmente, pela consistente demanda do mercado interno.
Por Itamar Rocha, presidente da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC) para Anuário Seafood Brasil #50.
Foto: Divulgação