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Cinco novas espécies de peixes de águas profundas são encontradas pela primeira vez no Brasil
Cinco novas espécies de peixe do mar profundo foram identificadas em águas brasileiras pela primeira vez durante um estudo desenvolvido por cientistas da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), da Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Instituto Francês IRD (Institut de Recherche pour le Développement) no Arquipélago de Fernando de Noronha.
Os animais são da espécie peixe-dragão, conhecidos por seus corpos alongados, com coloração escura e luminosa, da ordem Stomiiformes.
A pesquisa foi conduzida durante expedições oceanográficas do Projeto ABRACOS (Acoustics along the Brazilian Coast), nos anos de 2015 e 2017, em Noronha e no Rio Grande do Norte.
Durante as expedições, que se estenderam da superfície até 1.100 metros de profundidade, os pesquisadores coletaram cerca de 9 mil exemplares de peixes, identificando mais de 200 espécies, mas cinco delas foram vistas pela primeira vez no país. São elas:
Para a pesquisadora e uma das autoras do estudo Barbara Vilarins, da UFRJ, os resultados enriquecem o conhecimento sobre a diversidade de espécies das águas brasileiras.
"Esse trabalho é fruto de diversas pesquisas que foram feitas ao longo dos últimos anos. É muito gratificante conseguir participar de um projeto desses, super inovador para várias temáticas", disse Barbara.
Uma das espécies descritas, Melanostomias dio, foi coletada no entorno do Arquipélago de Fernando de Noronha e possui o barbilhão diferente de todas as demais espécies do gênero, uma estrutura luminosa na extremidade, cujo formato lembra o gesto da “mão-chifrada”.
Outras quatro espécies de peixes-dragão do gênero Eustomias também foram descritas para a região da cadeia de Fernando de Noronha.
Os peixes foram capturados e trazidos para o laboratório da UFRJ, onde os pesquisadores consultaram outros trabalhos acadêmicos e identificaram que não tinham sido citados pela literatura anteriormente.
De acordo com Barbara, os animais medem cerca de 16 centímetros e vivem de 200 a 400 metros de profundidade. "A gente imagina peixes de profundidade como assustadores, enormes, mas os peixes-dragão são bem pequenininhos", afirmou.
Ainda segundo a pesquisadora, o que pode prejudicar diretamente a presença desses animais na costa brasileira seriam as atividades de petróleo e alguns tipos de pesca, pela profundidade. "Os estoques [de peixes] estão diminuindo e é cada vez mais comum que pesquem cada vez mais fundo", disse Barbara.
Os autores também fizeram uma homenagem aos coordenadores do projeto ABRACOS: Arnaud Bertrand, diretor do IRD, e Flávia Lucena-Frédou, professora da UFRPE e Secretária Nacional de Registro, Monitoramento e Pesquisa. Eles nomearam duas das novas espécies, a Eutomias bertrandi e a Eustomias lucenae, respectivamente.
O projeto conta com pesquisadores de diversas áreas, como engenharia de pesca, física, química e biologia. Além da catalogação de espécies de profundidade, também houve trabalhos sobre microplásticos no oceano.
A descoberta foi reconhecida pelo Instituto Oceanográfico de Mônaco, que premia anualmente as melhores teses de ciências marinhas realizadas em parceria com instituições francesas.
Na cerimônia, o estudo foi representado pelo pesquisador da UFRPE Leandro Nolé, que apresentou os principais achados ao Príncipe Albert II de Mônaco e outras autoridades e cientistas internacionais.
"É difícil valorar a ciência e as descobertas, mas é sempre muito fantástico trazer novas informações sobre o Brasil, um país onde a ciência não é valorizada, a educação não é valorizada, a biodiversidade muito menos. Temos um país enorme, extremamente rico", afirmou a pesquisadora.
* Estagiária sob supervisão da editora Juliana Cavalcanti
Por Fernanda Soares*, g1 PE
Foto: Reprodução/WhatsApp
Os animais são da espécie peixe-dragão, conhecidos por seus corpos alongados, com coloração escura e luminosa, da ordem Stomiiformes.
A pesquisa foi conduzida durante expedições oceanográficas do Projeto ABRACOS (Acoustics along the Brazilian Coast), nos anos de 2015 e 2017, em Noronha e no Rio Grande do Norte.
Durante as expedições, que se estenderam da superfície até 1.100 metros de profundidade, os pesquisadores coletaram cerca de 9 mil exemplares de peixes, identificando mais de 200 espécies, mas cinco delas foram vistas pela primeira vez no país. São elas:
Para a pesquisadora e uma das autoras do estudo Barbara Vilarins, da UFRJ, os resultados enriquecem o conhecimento sobre a diversidade de espécies das águas brasileiras.
"Esse trabalho é fruto de diversas pesquisas que foram feitas ao longo dos últimos anos. É muito gratificante conseguir participar de um projeto desses, super inovador para várias temáticas", disse Barbara.
Uma das espécies descritas, Melanostomias dio, foi coletada no entorno do Arquipélago de Fernando de Noronha e possui o barbilhão diferente de todas as demais espécies do gênero, uma estrutura luminosa na extremidade, cujo formato lembra o gesto da “mão-chifrada”.
Outras quatro espécies de peixes-dragão do gênero Eustomias também foram descritas para a região da cadeia de Fernando de Noronha.
Os peixes foram capturados e trazidos para o laboratório da UFRJ, onde os pesquisadores consultaram outros trabalhos acadêmicos e identificaram que não tinham sido citados pela literatura anteriormente.
De acordo com Barbara, os animais medem cerca de 16 centímetros e vivem de 200 a 400 metros de profundidade. "A gente imagina peixes de profundidade como assustadores, enormes, mas os peixes-dragão são bem pequenininhos", afirmou.
Ainda segundo a pesquisadora, o que pode prejudicar diretamente a presença desses animais na costa brasileira seriam as atividades de petróleo e alguns tipos de pesca, pela profundidade. "Os estoques [de peixes] estão diminuindo e é cada vez mais comum que pesquem cada vez mais fundo", disse Barbara.
Os autores também fizeram uma homenagem aos coordenadores do projeto ABRACOS: Arnaud Bertrand, diretor do IRD, e Flávia Lucena-Frédou, professora da UFRPE e Secretária Nacional de Registro, Monitoramento e Pesquisa. Eles nomearam duas das novas espécies, a Eutomias bertrandi e a Eustomias lucenae, respectivamente.
O projeto conta com pesquisadores de diversas áreas, como engenharia de pesca, física, química e biologia. Além da catalogação de espécies de profundidade, também houve trabalhos sobre microplásticos no oceano.
A descoberta foi reconhecida pelo Instituto Oceanográfico de Mônaco, que premia anualmente as melhores teses de ciências marinhas realizadas em parceria com instituições francesas.
Na cerimônia, o estudo foi representado pelo pesquisador da UFRPE Leandro Nolé, que apresentou os principais achados ao Príncipe Albert II de Mônaco e outras autoridades e cientistas internacionais.
"É difícil valorar a ciência e as descobertas, mas é sempre muito fantástico trazer novas informações sobre o Brasil, um país onde a ciência não é valorizada, a educação não é valorizada, a biodiversidade muito menos. Temos um país enorme, extremamente rico", afirmou a pesquisadora.
* Estagiária sob supervisão da editora Juliana Cavalcanti
Por Fernanda Soares*, g1 PE
Foto: Reprodução/WhatsApp