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Com mercado aquecido e alta nas exportações, piscicultura projeta crescimento em 2020
Mesmo em meio à pandemia de Covid-19, os produtores de peixes de cultivo esperam um crescimento na produção em 2020 acima dos 4,9% do ano passado. A perspectiva positiva é impulsionada pela manutenção do mercado interno e pelo aumento das exportações.
Em março, os decretos estabelecendo medidas de isolamento social em diversas cidades até ameaçaram a comercialização de peixes. No entanto, as feiras e os mercados municipais em cidades como Belém (PA) e Manaus (AM) voltaram a funcionar, com restrições, ainda em abril, o que permitiu o funcionamento da cadeia quase na sua normalidade.
Habilitações da China animam setor de piscicultura
“No primeiro trimestre, nós tínhamos uma perspectiva negativa para o tambaqui, mas, principalmente, para a tilápia, o que não se confirmou. Não vendemos o que esperávamos de tambaqui durante a Semana Santa, quando o crescimento é acima de 50%. Mas mantemos o ritmo de meses anteriores”, afirma o presidente da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), Francisco Medeiros.
De acordo com o executivo, a indústria encontrou dificuldades em algumas regiões porque tinha o restaurante como o principal cliente. Mas, no geral, a produção acabou absorvida. “As vendas foram boas e satisfatórias para o período. Houve, efetivamente, a migração da pessoa que consumia em restaurante para a compra no supermercado”, explicou.
Além disso, foram adotadas medidas de biossegurança para o funcionamento das plantas, como o distanciamento entre trabalhadores, o uso de equipamentos como máscaras e luvas de proteção e a recomendação para evitar a aglomeração de pessoas durante os intervalos.
Outro ponto, segundo Medeiros, é que diferente da indústria de bovinos, aves e suínos, onde são necessários milhares de trabalhadores, os frigoríficos de peixes têm entre 200 a 400 funcionários, em média.
“China quer impedir a Covid-19, mas ainda precisa comer”, diz presidente da Câmara de Comércio Brasil-China
Preços mantidos
A maior parte das vendas dos primeiros seis meses do ano ocorreu no setor de atacarejo. Neste sentido, segundo a PeixeBR, o consumidor tem aderido ao consumo de peixes por considerar o produto mais saudável e, sobretudo, por ser uma proteína com preço acessível, assim como frango e ovo.
“A manutenção dos preços é importante para quem compra. Mesmo com o aumento recente de insumos como a soja e milho, que são em dólar, o setor manteve os mesmos preços. Não houve queda na margem do produtor, e a indústria processou e vendeu o seu produto”, disse o presidente da Peixe BR.
Por isso, Medeiros acredita que a piscicultura nacional deve crescer acima dos 4,9% registrados no ano passado na comparação com 2018, e, consequentemente, produzir mais do que as 758 mil toneladas de 2019 - uma expansão em torno de 5% resultaria em cerca de 38 mil peixes a mais no mercado.
"Isso (o crescimento) é garantido pelos peixes que estão dentro d'água. No entanto, ainda é cedo dizer qual vai ser o número porque temos cinco meses pela frente", avaliou o executivo. "Deve ser um pouco superior ao do ano passado, principalmente pela produção no Paraná", completou.
Para Medeiros, o mercado paranaense deve aumentar a oferta de produtos depois de agosto. Com o fim do inverno, o metabolismo dos animais é acelerado pelo calor, o que aumenta o consumo de ração e a velocidade de crescimento dos peixes.
O Paraná é o maior produtor de peixes de cultivo do Brasil, com 154,2 mil toneladas em 2019, seguido por São Paulo (69,8 mil toneladas), Rondônia (68,8 mil toneladas) e Santa Catarina (50,2 mil toneladas).
Boa parte parte da expectativa com o aumento da produção se deve às vendas externas. De acordo com dados da Peixe BR, o faturamento com as exportações cresceu 33% nos primeiros seis meses do ano.
Em termos de receita, as vendas da piscicultura somaram US$ 5,4 milhões entre janeiro e junho, US$ 1,3 milhão a mais do que no mesmo período do ano passado. Apesar dos números positivos, a perspectiva era ainda maior antes da pandemia.
"O crescimento que tivemos é excelente, mas a nossa expectativa era dobrar as exportações neste ano. O mercado exportador está aquecido para todos os produtos e subprodutos, a exemplo de farinha de peixe, óleo de tilápia e escama"
Francisco Medeires, presidente da PeixeBR
Caso a comercialização externa fosse duas vezes maior, os embarques poderiam superar a marca dos US$ 10 milhões. Segundo Medeiros, um dos problemas envolveu entraves logísticos ocasionados pela pandemia para o maior cliente brasileiro, os Estados Unidos.
A suspensão dos voos comerciais comprometeu parte do embarque de tilápias, já que 30% dos peixes é enviado para os norte-americanos nesse modelo. “O preço do frete para os EUA está duas vezes mais caro e houve uma diminuição significativa nos volumes embarcados”, ressaltou.
Na divisão da receita por diferentes países, os Estados Unidos foram os maiores importadores dos peixes de cultivo brasileiros, somando metade das receitas, com US$ 2,7 milhões. Depois, aparecem Chile, China, e Colômbia, com US$ 469 mil (9%), US$ 438 mil (8%) e US$ 409 mil (7%), respectivamente.
“A produção segue em ritmo de crescimento. A gente tem uma capacidade de incremento muito grande, e o produtor responde à elevação na demanda muito rapidamente. Neste momento, os principais frigoríficos estão fazendo investimentos e aumentando as suas plantas”, completou.
Em março, os decretos estabelecendo medidas de isolamento social em diversas cidades até ameaçaram a comercialização de peixes. No entanto, as feiras e os mercados municipais em cidades como Belém (PA) e Manaus (AM) voltaram a funcionar, com restrições, ainda em abril, o que permitiu o funcionamento da cadeia quase na sua normalidade.
Habilitações da China animam setor de piscicultura
“No primeiro trimestre, nós tínhamos uma perspectiva negativa para o tambaqui, mas, principalmente, para a tilápia, o que não se confirmou. Não vendemos o que esperávamos de tambaqui durante a Semana Santa, quando o crescimento é acima de 50%. Mas mantemos o ritmo de meses anteriores”, afirma o presidente da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), Francisco Medeiros.
De acordo com o executivo, a indústria encontrou dificuldades em algumas regiões porque tinha o restaurante como o principal cliente. Mas, no geral, a produção acabou absorvida. “As vendas foram boas e satisfatórias para o período. Houve, efetivamente, a migração da pessoa que consumia em restaurante para a compra no supermercado”, explicou.
Além disso, foram adotadas medidas de biossegurança para o funcionamento das plantas, como o distanciamento entre trabalhadores, o uso de equipamentos como máscaras e luvas de proteção e a recomendação para evitar a aglomeração de pessoas durante os intervalos.
Outro ponto, segundo Medeiros, é que diferente da indústria de bovinos, aves e suínos, onde são necessários milhares de trabalhadores, os frigoríficos de peixes têm entre 200 a 400 funcionários, em média.
“China quer impedir a Covid-19, mas ainda precisa comer”, diz presidente da Câmara de Comércio Brasil-China
Preços mantidos
A maior parte das vendas dos primeiros seis meses do ano ocorreu no setor de atacarejo. Neste sentido, segundo a PeixeBR, o consumidor tem aderido ao consumo de peixes por considerar o produto mais saudável e, sobretudo, por ser uma proteína com preço acessível, assim como frango e ovo.
“A manutenção dos preços é importante para quem compra. Mesmo com o aumento recente de insumos como a soja e milho, que são em dólar, o setor manteve os mesmos preços. Não houve queda na margem do produtor, e a indústria processou e vendeu o seu produto”, disse o presidente da Peixe BR.
Por isso, Medeiros acredita que a piscicultura nacional deve crescer acima dos 4,9% registrados no ano passado na comparação com 2018, e, consequentemente, produzir mais do que as 758 mil toneladas de 2019 - uma expansão em torno de 5% resultaria em cerca de 38 mil peixes a mais no mercado.
"Isso (o crescimento) é garantido pelos peixes que estão dentro d'água. No entanto, ainda é cedo dizer qual vai ser o número porque temos cinco meses pela frente", avaliou o executivo. "Deve ser um pouco superior ao do ano passado, principalmente pela produção no Paraná", completou.
Para Medeiros, o mercado paranaense deve aumentar a oferta de produtos depois de agosto. Com o fim do inverno, o metabolismo dos animais é acelerado pelo calor, o que aumenta o consumo de ração e a velocidade de crescimento dos peixes.
O Paraná é o maior produtor de peixes de cultivo do Brasil, com 154,2 mil toneladas em 2019, seguido por São Paulo (69,8 mil toneladas), Rondônia (68,8 mil toneladas) e Santa Catarina (50,2 mil toneladas).
Boa parte parte da expectativa com o aumento da produção se deve às vendas externas. De acordo com dados da Peixe BR, o faturamento com as exportações cresceu 33% nos primeiros seis meses do ano.
Em termos de receita, as vendas da piscicultura somaram US$ 5,4 milhões entre janeiro e junho, US$ 1,3 milhão a mais do que no mesmo período do ano passado. Apesar dos números positivos, a perspectiva era ainda maior antes da pandemia.
"O crescimento que tivemos é excelente, mas a nossa expectativa era dobrar as exportações neste ano. O mercado exportador está aquecido para todos os produtos e subprodutos, a exemplo de farinha de peixe, óleo de tilápia e escama"
Francisco Medeires, presidente da PeixeBR
Caso a comercialização externa fosse duas vezes maior, os embarques poderiam superar a marca dos US$ 10 milhões. Segundo Medeiros, um dos problemas envolveu entraves logísticos ocasionados pela pandemia para o maior cliente brasileiro, os Estados Unidos.
A suspensão dos voos comerciais comprometeu parte do embarque de tilápias, já que 30% dos peixes é enviado para os norte-americanos nesse modelo. “O preço do frete para os EUA está duas vezes mais caro e houve uma diminuição significativa nos volumes embarcados”, ressaltou.
Na divisão da receita por diferentes países, os Estados Unidos foram os maiores importadores dos peixes de cultivo brasileiros, somando metade das receitas, com US$ 2,7 milhões. Depois, aparecem Chile, China, e Colômbia, com US$ 469 mil (9%), US$ 438 mil (8%) e US$ 409 mil (7%), respectivamente.
“A produção segue em ritmo de crescimento. A gente tem uma capacidade de incremento muito grande, e o produtor responde à elevação na demanda muito rapidamente. Neste momento, os principais frigoríficos estão fazendo investimentos e aumentando as suas plantas”, completou.