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Como criar vieiras, molusco com carne nutritiva e valorizada
Com a extensa faixa litorânea que o Brasil possui, pequenos, médios e grandes produtores do país podem empreender na chamada economia azul, termo que o Banco Mundial adota para definir o uso sustentável dos recursos oceânicos para o crescimento econômico. Uma das oportunidades disponíveis é o cutivo de vieiras, um molusco marinho que oferece carne nutritiva e valorizada no mercado, podendo ser desenvolvido por toda a longa costa nacional, banhada pelo Oceano Atlântico.
A atividade, realizada principalmente por trabalhadores familiares, é mais comum nos litorais catarinense, paulista e fluminense, mas é possível desenvolvê-la também nos demais estados, desde que eles contem com praia em uma de suas divisas. Alguns metros mar adentro, o cultivo é montado dentro da água, formando um tipo de fazenda marítima.
As instalações para lidar com as vieiras necessitam de lanternas japonesas, que são estruturas parecidas com gaiolas em formato cilíndrico. À venda no varejo, esses equipamentos são utilizados para o alojamento submerso dos moluscos. É preciso trocar as malhas das lanternas à medida que as vieiras se desenvolvem, de modo a assegurar mais espaço para o crescimento dos exemplares e evitar que a produtividade do cultivo seja afetada. Para controlar a densidade e assegurar a boa produção dos criatórios, também é necessário separar as vieiras maiores das menores.
Como as exigências para garantir o manejo adequado dos moluscos encarecem o empreendimento, os produtores, em particular os que têm mais restrições de orçamento, podem adotar alguns meios para compensar os custos da atividade. Uma opção para reduzir o investimento inicial é confeccionar os próprios equipamentos com materiais disponíveis no local. No lugar de flutuadores para utilizar de apoio para as lanternas, uma dica é substituí-los por galões de 20 litros em desuso.
Por serem consideradas um produto refinado e saudável, as vieiras têm como atrativo os preços elevados na etapa da comercialização. Ricas em nutrientes e com textura tenra, elas frequentam cardápios de restaurantes nobres e caros. Além disso, os moluscos não exigem gastos com alimentação em seu cultivo, já que eles se satisfazem com as microalgas e partículas orgânicas do ambiente aquático, que as vieiras absorvem por meio de uma franja de cílios presentes na borda das conchas.
Semelhantes às ostras e aos mexilhões, as vieiras são moluscos bivalves, ou de duas conchas. Os três integram a malacocultura, que, por sua vez, faz parte da maricultura, como é chamada a criação de diferentes organismos marinhos, peixes e frutos do mar. Já o cultivo de vieiras, que são conhecidas como o genérico dos pectinídeos, que agrupam 16 espécies naturais das águas brasileiras, tem o nome de pectinicultura.
Mãos à obra
Semelhantes às ostras e aos mexilhões, as vieiras são moluscos bivalves, ou de duas conchas. Os três integram a malacocultura, que, por sua vez, faz parte da maricultura, como é chamada a criação de diferentes organismos marinhos, peixes e frutos do mar. Já o cultivo de vieiras, que são conhecidas como o genérico dos pectinídeos, que agrupam 16 espécies naturais das águas brasileiras, tem o nome de pectinicultura.
Ambiente
O cultivo deve ocorrer em uma área limpa do mar, uma vez que as vieiras se alimentam filtrando a água onde vivem. Assim, verifique se o local é distante da canalização de esgotos e da vazão de produtos industriais. Também é bom se certificar com o órgão ambiental da região se há contaminação de metais pesados nas proximidades. É importante sempre monitorar a qualidade da água por meio de análises regulares de amostras retiradas dos limites da pectinicultura.
Estrutura
É composta de lanternas japonesas, que são formadas por gaiolas cilíndricas, com 5 a 10 compartimentos cada, para a fase de crescimento das vieiras. No sistema de produção tipo espinhel (long line), é necessário contar com flutuadores, para dar suporte às gaiolas. As lanternas japonesas, que precisam de trocas mensais da malha, a fim de impedir a obstrução da entrada de água, podem ser substituídas por gaiolas de confecção artesanal, e os flutuadores, por galões de 20 litros que serão descartados.
Densidade
Não pode ser elevada, o que interfere na produtividade do cultivo. No período do berçário, recomenda-se iniciar um povoamento com 300 sementes com 10 milímetros em cada espaço das gaiolas. Um mês depois, faça a limpeza do equipamento, troque as telas e selecione as vieiras que se apresentam mais uniformes para transferência para outras lanternas. Repita o procedimento de mês em mês, até que cada compartimento chegue à faixa de dez a 15 vieiras.
Alimentação
A franja de cílios no entorno das conchas permite que as vieiras filtrem a água, absorvendo microrganismos e partículas orgânicas que servem de alimento ao molusco.
Reprodução
A mudança de clima estimula a fecundação das vieiras, que são hermafroditas. A reprodução de novas sementes ocorre principalmente quando há frentes frias, que alteram a temperatura e o volume de sal no mar. O intervalo entre os meses de maio e outubro é o período de maior produção de sementes.
Despesca
As vieiras atingem sua melhor cotação no comércio quando atingem, pelo menos, 7 centímetros de comprimento. Para chegar a esse tamanho, elas necessitam de oito a dez meses de desenvolvimento nas fazendas marítimas.
Mais informações
Criação mínima: para se conseguir produtividade, a recomendação é de 50 mil sementes
Custo: o preço médio do milheiro está na faixa de R$ 130
Retorno: as vendas começam quando as vieiras atingem 7 cm de comprimento
Reprodução: ocorre no período de mudanças de temperatura e volume de sal na água provocadas por frentes frias
Consultoria: Fábio Rosa Sussel, zootecnista, doutor e pesquisador científico do Instituto de Pesca de São Paulo - UPS, Pirassununga, Tel. (19) 3565-1200, fabio.pesca@sp.gov.br
Por João Mathias — São Paulo - Globo Rural
Foto: Divulgação
A atividade, realizada principalmente por trabalhadores familiares, é mais comum nos litorais catarinense, paulista e fluminense, mas é possível desenvolvê-la também nos demais estados, desde que eles contem com praia em uma de suas divisas. Alguns metros mar adentro, o cultivo é montado dentro da água, formando um tipo de fazenda marítima.
As instalações para lidar com as vieiras necessitam de lanternas japonesas, que são estruturas parecidas com gaiolas em formato cilíndrico. À venda no varejo, esses equipamentos são utilizados para o alojamento submerso dos moluscos. É preciso trocar as malhas das lanternas à medida que as vieiras se desenvolvem, de modo a assegurar mais espaço para o crescimento dos exemplares e evitar que a produtividade do cultivo seja afetada. Para controlar a densidade e assegurar a boa produção dos criatórios, também é necessário separar as vieiras maiores das menores.
Como as exigências para garantir o manejo adequado dos moluscos encarecem o empreendimento, os produtores, em particular os que têm mais restrições de orçamento, podem adotar alguns meios para compensar os custos da atividade. Uma opção para reduzir o investimento inicial é confeccionar os próprios equipamentos com materiais disponíveis no local. No lugar de flutuadores para utilizar de apoio para as lanternas, uma dica é substituí-los por galões de 20 litros em desuso.
Por serem consideradas um produto refinado e saudável, as vieiras têm como atrativo os preços elevados na etapa da comercialização. Ricas em nutrientes e com textura tenra, elas frequentam cardápios de restaurantes nobres e caros. Além disso, os moluscos não exigem gastos com alimentação em seu cultivo, já que eles se satisfazem com as microalgas e partículas orgânicas do ambiente aquático, que as vieiras absorvem por meio de uma franja de cílios presentes na borda das conchas.
Semelhantes às ostras e aos mexilhões, as vieiras são moluscos bivalves, ou de duas conchas. Os três integram a malacocultura, que, por sua vez, faz parte da maricultura, como é chamada a criação de diferentes organismos marinhos, peixes e frutos do mar. Já o cultivo de vieiras, que são conhecidas como o genérico dos pectinídeos, que agrupam 16 espécies naturais das águas brasileiras, tem o nome de pectinicultura.
Mãos à obra
Semelhantes às ostras e aos mexilhões, as vieiras são moluscos bivalves, ou de duas conchas. Os três integram a malacocultura, que, por sua vez, faz parte da maricultura, como é chamada a criação de diferentes organismos marinhos, peixes e frutos do mar. Já o cultivo de vieiras, que são conhecidas como o genérico dos pectinídeos, que agrupam 16 espécies naturais das águas brasileiras, tem o nome de pectinicultura.
Ambiente
O cultivo deve ocorrer em uma área limpa do mar, uma vez que as vieiras se alimentam filtrando a água onde vivem. Assim, verifique se o local é distante da canalização de esgotos e da vazão de produtos industriais. Também é bom se certificar com o órgão ambiental da região se há contaminação de metais pesados nas proximidades. É importante sempre monitorar a qualidade da água por meio de análises regulares de amostras retiradas dos limites da pectinicultura.
Estrutura
É composta de lanternas japonesas, que são formadas por gaiolas cilíndricas, com 5 a 10 compartimentos cada, para a fase de crescimento das vieiras. No sistema de produção tipo espinhel (long line), é necessário contar com flutuadores, para dar suporte às gaiolas. As lanternas japonesas, que precisam de trocas mensais da malha, a fim de impedir a obstrução da entrada de água, podem ser substituídas por gaiolas de confecção artesanal, e os flutuadores, por galões de 20 litros que serão descartados.
Densidade
Não pode ser elevada, o que interfere na produtividade do cultivo. No período do berçário, recomenda-se iniciar um povoamento com 300 sementes com 10 milímetros em cada espaço das gaiolas. Um mês depois, faça a limpeza do equipamento, troque as telas e selecione as vieiras que se apresentam mais uniformes para transferência para outras lanternas. Repita o procedimento de mês em mês, até que cada compartimento chegue à faixa de dez a 15 vieiras.
Alimentação
A franja de cílios no entorno das conchas permite que as vieiras filtrem a água, absorvendo microrganismos e partículas orgânicas que servem de alimento ao molusco.
Reprodução
A mudança de clima estimula a fecundação das vieiras, que são hermafroditas. A reprodução de novas sementes ocorre principalmente quando há frentes frias, que alteram a temperatura e o volume de sal no mar. O intervalo entre os meses de maio e outubro é o período de maior produção de sementes.
Despesca
As vieiras atingem sua melhor cotação no comércio quando atingem, pelo menos, 7 centímetros de comprimento. Para chegar a esse tamanho, elas necessitam de oito a dez meses de desenvolvimento nas fazendas marítimas.
Mais informações
Criação mínima: para se conseguir produtividade, a recomendação é de 50 mil sementes
Custo: o preço médio do milheiro está na faixa de R$ 130
Retorno: as vendas começam quando as vieiras atingem 7 cm de comprimento
Reprodução: ocorre no período de mudanças de temperatura e volume de sal na água provocadas por frentes frias
Consultoria: Fábio Rosa Sussel, zootecnista, doutor e pesquisador científico do Instituto de Pesca de São Paulo - UPS, Pirassununga, Tel. (19) 3565-1200, fabio.pesca@sp.gov.br
Por João Mathias — São Paulo - Globo Rural
Foto: Divulgação