Carregando...

Emater apoia produção de ostras da Vila Paulino, em Salinópolis, e induz o turismo


Um grupo de ostreicultores, (cultivadores de ostras), moradores da Vila Paulino, no município de Salinópolis, nordeste estadual, está se mobilizando para promover o Turismo de Base Comunitária (TBC) tendo como atrativos atividades produtivas da pesca, da aquicultura e da agricultura.
 
A ideia é trazer as pessoas para conhecer a vila, bem como o cultivo de ostra, que é a principal atividade local; a gastronomia por meio da iguaria; o plantio da mandioca, até a produção do tucupi e o trabalho nas casas de farinha; além das trilhas ecológicas.
 
O grupo de cinco ostreicultores recebe o apoio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater) por meio do Escritório Local de Salinópolis, no cultivo de forma sustentável.
 
A Emater leva ações de assistência técnica e extensão rural com a finalidade de organizar o grupo de forma associativa para que tenha acesso às políticas públicas que darão suporte para a realização do Projeto denominado Ostra Sal, que tem o apoio da prefeitura de Salinópolis.
 
O órgão estadual realiza junto aos ostreicultores atividades técnicas como o manejo da produção, dando instruções, por exemplo, de como fazer girais na altura adequada, como manusear as ostras e fazer a lavagem no período propício. Na extensão rural, a Emater proporciona aos pescadores acesso a regularização, como a emissão do Cadastro Ambiental Rural (CAR) que foi entregue pelo Governo do Estado aos pescadores da Vila Paulino, no mês de outubro deste ano.
 
“A ideia de tudo isso é trazer geração de renda, é fixar o homem ao campo, mas não é fixar o homem ao campo de qualquer jeito, mas com qualidade de vida. E nada melhor que a expansão do turismo principalmente de base comunitária e rural para que o turista conheça a realidade da vida do agricultor e ribeirinho. Onde a comunidade local é protagonista dessa experiência. É o nosso papel incentivar ações como esta, que priorizam a sustentabilidade”, disse o engenheiro em Pesca, técnico em Aquicultura e chefe do Escritório Local da Empresa em Salinópolis, Paulo Silvestre Nunes.
 
“Temos visto a importância da produção de ostra no município de Salinópolis, o potencial gastronômico e turístico que ela exerce, por isso estamos envolvidos apoiando o projeto de cultivo sustentável da ostra”, declarou o presidente da Emater Pará, Joniel Vieira de Abreu.
 
Rota Turística
 
Já na perspectiva da criação do Turismo de Base Comunitária foi feita uma validação da rota turística por meio do Governo do Estado há um ano e meio, com a consultoria de órgãos específicos, como o SEBRAE. A comunidade com cerca de 20 famílias já recebeu estudantes do curso de turismo da Universidade Federal do Pará (UFPA) e do Curso de Gastronomia da Universidade do Estado do Pará (UEPA) para vivenciar experiências na comunidade.
 
“Toda a comunidade está envolvida neste projeto, e todos estão tendo a sua contribuição, isso está proporcionando a visibilidade da nossa beleza natural; queremos acomodar os turistas com hospedagem em camping, redário, recepção com a alimentação, dentre outros, e assim possibilitar geração de renda a comunidade da Vila Paulino”, contou Lorena Figueiredo responsável por uma das iniciativas de atração turística na Vila Paulino. “Eu vi o potencial da comunidade e busquei na Emater apoio para saber como nos organizar”, contou.
 
Mirian Santos de Souza, 60, nasceu e se criou na Vila Paulino, ela é filha de uma das pioneiras da vila, a Dona Santina da Silva Santos, de 94 anos, matriarca de cinco filhos. A casa em que Mirian mora com o esposo, também produtor de ostras, Mateus Moraes dos Santos (Mazinho), e com a mãe, já é usada para oferecer alimentação para os estudantes que participam de atividades na vila. A expectativa é reformar a casa para hospedar mais turistas.
 
“A gente fica muito feliz de poder abrir as portas da nossa casa para receber as pessoas aqui, e eles conhecerem o cultivo da ostra da nossa comunidade”, afirmou Mirian Santos Souza.
 
Os ostreicultores vendem seus produtos nas praias de Salinópolis aos finais de semana e feriados para os banhistas e ainda comercializam para restaurantes da região. A ostra é vendida em porções com 12 unidades. A ostra baby para degustação é comercializada por R$ 24,00. A ostra média usada para pratos e degustação é vendida a R$ 36,00. Já a ostra máster, é própria para pratos, pode ser negociada R$ 10,00 a unidade.
 
No verão a ostra em média cresce em 4 meses, no inverno esse tempo aumenta para até 8 meses. Já a ostra máster precisa de três anos para ficar no tamanho ideal.
 
Diferente da forma extrativista em que a ostra é apenas retirada do habitat natural; quando cultivada, os ostreicultores colocam uma quantidade de “sementes” que são filhotes de ostras numa recipiente chamado de “travesseiro”. Quando criam uma camada densa são colocadas em caixa a beira mar, onde são cultivadas.
 
As “sementes” são compradas na Vila Lauro Sodré, no município de Curuçá, onde são produzidas em grande escala.
 
Gastronomia
 
Na rota turística, a degustação da ostra tem destaque. A iguaria servida in natura, no tucupi, assada e no molho seviche são as especialidades oferecidas pelo ostreicultor João Ayrton Pereira Macapuna, 66, que se capacitou na área da gastronomia para utilizar nos pratos a ostra que ele mesmo cultiva. Há um ano seu Macapuna, como é conhecido, iniciou seus trabalhos com a ostra na Vila Paulino.
 
“A ideia iniciou no cultivo, a gente foi agregando valor a ostra com a gastronomia, hoje participo de vários eventos levando a nossa a ostra paraense. A ostra da Amazônia tem um sabor próprio, pois não tem a mesma salinidade que a ostra do sul, lá a água é muito mais salgada e fria, a nossa água é salobra e quente”, contou Macapuna. “A minha expectativa é que daqui há alguns anos sejamos o grande cultivador de ostras no estado do Pará, que sejamos referência, que a Vila do Paulino se destaque. Nesse contexto, o apoio da Emater é muito importante”, frisou.
 
Valorização
 
O secretário Municipal de Agricultura da Prefeitura de Salinópolis, Erick Leonardo Reis Dias, ressaltou a importância do poder público no fomento ao cultivo de ostras.
 
“Esse é o nosso papel trazer mais políticas públicas para os produtores crescerem e trabalharem de forma correta. Atualmente estamos trabalhando o sistema de inspeção municipal que dará a certificação de qualidade, da Vigilância Sanitária aos produtos do município, dentre eles a ostra”, declarou.
 
Na Vila de Santo Antônio do Urindeua, próximo a Vila Paulino, há 15 anos foi criada a Associação dos Agricultores, Pescadores e Aquicultores do Rio Urindeua (Asapaq). A Asapaq tem hoje 17 associados que cultivam ostra e são atendidos pela Emater. A maioria tem o CAF individual por onde acessam as políticas públicas. Na associação todos têm crédito ativo recebido por projetos feitos pela Emater. Cerca de R$ 200,00 mil em financiamento já foi liberado aos associados da Asapaq pelo Banco da Amazônia (BASA) por meio da Linha de Crédito Amazônia Florescer.
 
“A Emater sempre apoiou a associação nos incentivando a nos manter organizados, orientando em relação ao manejo das ostras e nos encaminhando para o acesso às políticas públicas”, ressaltou a presidente da Asapaq, Maria José dos Santos.
 
Em visita a comunidade Vila Paulino, uma equipe da Emater realizou um Diagnóstico Rural Participativo, onde foram identificados, por meio de diálogos com os participantes, as relações com as entidades parceiras, os principais desafios e as potencialidades locais.  “Ouvir a comunidade é muito importante para subsidiar o planejamento das ações futuras, inclusive a como deve ser a atuação da Emater junto a comunidade”, frisou a engenheira de Pesca da Emater, Cleide Marques, uma das participantes do evento.
 
Dados
 
O cultivo de ostra na costa marítima paraense vem ganhando cada vez mais espaço entre pequenos produtores da agricultura familiar.  O manejo de forma sustentável pelos ostreicultores tem apoio da Emater que atende 80 produtores de ostras distribuídos em sete associações, nos municípios de Augusto Corrêa, Maracanã, Curuçá, Salinópolis e São Caetano de Odivelas, localizados no nordeste do Pará. Entre os estados brasileiros, o Pará é o quarto maior produtor da iguaria, depois de Santa Catarina, São Paulo e Paraná.
 
No município de Maracanã, destaca-se como um exemplo de alinhamento entre a produção de ostra e o Turismo de Base Comunitária, a experiência do ostreicultor José Aílton Costa Pinheiro, 58, morador da Reserva Extrativista (Resex) em Maracanã. Ailton nasceu e cresceu na localidade, onde mantém uma Unidade Familiar de Produção (UFP) denominada Berçário das Ostras, na Vila Bom Jardim.
 
Apesar de estar localizada em Maracanã, toda a relação de comercialização está voltada para o município de Salinópolis, de onde vem a maioria de seus visitantes.
 
“A ostra me levou a conhecer um mundo diferente do meu. Aqui recebo turistas do Brasil e de outros países para conhecer o espaço”, disse José Aílton Costa Pinheiro.
 
A estimativa é que no Pará, a produção em média de ostras é de 75 toneladas anuais. A atividade iniciou no estado da região Sul na década de 70, enquanto que no Pará iniciou em 2001 sendo que a comercialização só passou a ser feita em 2006. As espécies produzidas nos dois estados são diferentes. No Pará a ostra nativa da região é a Crassostrea gasar; já a produzida no sul é uma espécie exótica, japonesa, oriunda do pacífico.
 
 
Fonte: Sarah Mendes / Ascom Emater
Foto: Mirian Bento / Ascom Emater