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​Embrapa apresenta bons resultados no primeiro cultivo de tilápia em tanque-rede no estado


A Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO) apresentou, durante a Agrotins 2020, a primeira grande feira agrotecnológica do país em formato totalmente digital, dados econômicos e zootécnicos de um trabalho de acompanhamento realizado junto a pequenos piscicultores do Parque Aquícola Brejinho II, no município de Brejinho de Nazaré, na tarde desta quarta-feira (27). Em live, os pesquisadores Manoel Pedroza e Flavia Tavares apresentaram números promissores da produção de tilápia no estado: em sete meses de acompanhamento, o desenvolvimento dos peixes foi acima do esperado e a avaliação econômica também foi positiva, com margem de lucro podendo chegar a 37%, dependendo do preço de venda. A Embrapa está acompanhando outros cultivos para validar os dados encontrados em Brejinho II.
 
 
O parque conta com 22 áreas aquícolas, com 0,3 hectares cada, com capacidade de produção anual de 48 toneladas por ano. Os produtores familiares estão organizados em torno da Associação de Aquicultura de Brejinho de Nazaré e dispõem de 12 tanques de 64  metros cúbicos. Nesse cenário, entre os meses de agosto do ano passado e março de 2020, a Embrapa acompanhou a criação de tilápias desde a fase de alevinagem, quando os peixes pesavam apenas um grama, até a fase da despesca, quando atingiram aproximadamente 900 gramas após sete meses.
 
“Conseguimos 20 mil alevinos com a Aquabel e introduzimos no parque, em berçários, em 26 de agosto. Quando os peixes atingiram 60 gramas, vacinamos todos eles – o  que é uma etapa importante. As biometrias eram semanais, com o apoio do Senar, Ruraltins e Seagro, e a quantidade de ração era ajustada”, detalha Flavia Tavares. “Tudo foi monitorado, inclusive a qualidade da água, por meio de sondas. Trabalhamos com uma densidade de estocagem de 40 quilos por metro cúbico. Um pouco abaixo do que se utiliza no setor mas, como era um trabalho pioneiro no estado, não queríamos arriscar trabalhando com densidades mais altas. No fim, o desempenho das tilápias foi melhor do que o esperado”, diz ela, lembrando que além das empresas e instituições já citadas, a pesquisa contou também com o apoio da prefeitura de Brejinho de Nazaré, Aquasem/Presence e de emendas parlamentares que ajudaram a custear o projeto. .
 
Lucro de até 37%
 
No aspecto econômico, Manoel Pedroza explicou que os cálculos consideraram a situação hipotética de que todos os itens de investimento tivessem sido comprados, tais como balsa, terreno, ração, etc. “São estruturas e insumos que eles não precisaram pagar, mas inserimos esse investimento no nosso cálculo para conseguirmos um retrato mais fiel da realidade”, explica ele, acrescentando que o valor de mão-de-obra também foi considerado.
 
A simulação confirmou que a ração é o item que mais pesa nos custos de produção da tilápia, correspondendo a 78 por cento do total investido. A vacina, que é uma etapa importante do ciclo de produção para a prevenção de doenças, representou menos de três por cento no custo total. A aquisição de alevinos respondeu por 5,82 por cento do total investido.
 
“O custo de produção por ciclo foi de 63 mil reais, para um total de pouco mais de 16 toneladas. O custo de produção por quilo ficou em R$ 3, 93, que é um valor adequado e dentro do que a gente vem verificando em outras regiões”, destaca Pedroza.
 
Com o objetivo de realizar uma análise financeira mais abrangente, foram realizadas três simulações: uma com o preço real da tilápia vendida em Brejinho de Nazaré, de 5 reais o quilo, e outras duas com o preço 50 centavos mais caro ou mais barato. “Utilizando o preço efetivo de venda do produto, a taxa de retorno foi em torno de 19% e o retorno do capital investido seria após 5 anos, o que é um prazo interessante”, ressalta o economista.
 
Os cálculos também revelaram que a receita bruta fica em R$ 162 mil e, descontados os gastos, o valor chega a R$ 49 mil. Considerando o quilo sendo comercializado a 5 reais, houve uma lucratividade de 30%, podendo chegar a 37%, caso o produtor conseguisse vender 50 centavos mais caro. O mínimo que precisaria ser produzido para viabilizar o cultivo é de 22 toneladas por ano. “O preço de venda da tilápia é um item que determina muito a lucratividade. Temos observado que as margens têm se reduzido, e é importante que o produtor tenha em mente qual será o preço que ele conseguirá na venda do produto”, diz ele, acrescentando que quanto maior a produtividade, melhor será o resultado econômico, pelos ganhos em escala do produto. As informações são da assessoria de comunicação.