Já ouviu falar de “Condomínio de Camarão”? Conheça o da Alagamar no CE
Na comunidade de Olhos D'água, em Acaraú (CE), cerca de 20 produtores familiares se uniram em uma iniciativa que aposta no fortalecimento da produção de camarão através do cooperativismo e empreendedorismo: o "Condomínio de Camarão Alagamar". A produção de L. vannamei no "condomínio" não é apenas um modelo de negócio, mas também uma força para o desenvolvimento socioeconômico dos pequenos povoados da região e mostra que, no cenário onde a carcinicultura cearense cresce a cada dia, os pequenos produtores têm uma contribuição fundamental, sobretudo quando unidos - para entender todo o contexto do Ceará, leia a Parte 01 (clique aqui), Parte 02 (clique aqui), Parte 03 (clique aqui), Parte 04 (clique aqui) e Parte 05 (clique aqui) da matéria de Capa da Seafood Brasil #54.
O local reúne aproximadamente 30 viveiros escavados de camarão. "Eu larguei a pesca na praia e virei produtor de camarão. Quase todos nós aqui éramos empregados das grandes fazendas. Hoje, somos donos do nosso próprio negócio", conta Manoel Rodrigo dos Santos, pequeno produtor de camarão.
A aposta no modelo de "condomínio" abrange uma área de aproximadamente 20 hectares, onde cada viveiro produz, em média, 800 kg de camarão. Santos explica que a dinâmica de trabalho é marcada pela colaboração mútua, onde os produtores compram pós-larvas de camarão e ração em grupo, possibilitando que todos continuem a produzir, mesmo quando enfrentam dificuldades financeiras. "Se o produtor está apertado, fornecemos a ração e ele paga após a despesca", detalha.
O impacto do condomínio na comunidade é significativo, já que este modelo cooperativo permitiu que muitos moradores melhorassem suas condições de vida. "Hoje, muitos aqui já têm sua própria casa, transporte e conseguem sustentar suas famílias com a renda da produção de camarão", destaca o produtor. Além disso, a produção anual de camarão no condomínio gera cerca de R$ 4 milhões, alimentando o comércio da região e gerando emprego e renda para centenas de pessoas.
Apesar dos avanços diários, os desafios também seguem presentes. "Os investimentos são poucos. Ninguém dá uma ajuda, nem o governo, nem a prefeitura. Trabalhamos na vontade de trabalhar mesmo", desabafa Santos. Mas, embora a falta de licenciamento ambiental esteja travando o desenvolvimento do empreendimento, Santos garante que os produtores estão dando os primeiros passos para regularizar suas atividades. "Estamos nos organizando para trazer um engenheiro que possa nos ajudar a melhorar a produção e nos legalizar. A esperança é que, com a licença, possamos acessar programas de financiamento e expandir ainda mais nossa área de produção", finaliza Santos.
Por Seafood Brasil
Foto: Divulgação