Notícias
Laboratório de larvicultura da Aquicultura Santa Clara é um ponto focal e com ampla capacidade para diferentes espécies de peixes
Aquicultura Santa Clara se destaca na região de Sergipe como um dos principais produtores de alevinos de peixes. Entretanto, logística, baixo desenvolvimento e falta de incentivos na atividade são obstáculo para o empreendimento.
Há mais de três décadas, Bonifácio Valgueiro deixou sua terra natal em Pernambuco para seguir sua paixão pela produção de peixes em Sergipe. Com formação em engenharia de pesca, Boni, como é conhecido, viu na época a oportunidade de aplicar todo o seu conhecimento e formação em engenharia de pesca na criação da Aquicultura Santa Clara. Localizado em Propriá, Sergipe, esse empreendimento familiar se destaca na região como um dos principais produtores de alevinos em grande escala, atendendo todas as regiões do Brasil.
A produção atual, que se estende por aproximadamente 20 hectares e 80 tanques, foca em alevinos de surubim, carpa, tambatinga, tambaqui, tilápia e panga. Este último, segundo Boni, é uma aposta, apesar das oscilações na comercialização. “O panga não emplacou, mas acredito muito”, comenta o empresário, cuja confiança na espécie é respaldada por experiências adquiridas durante uma viagem ao Vietnã. “Passei 27 dias naquele país e adquiri muitas experiências de produção. O peixe tem potencial”, enfatiza.
O laboratório de larvicultura da Aquicultura Santa Clara é um ponto focal, com a capacidade de produzir até 7 milhões de pós-larvas por semana para peixes redondos, 1 milhão e 200 mil larvas de tilápia, e entre 10 e 12 milhões de larvas de panga semanalmente. Apesar desses números expressivos, Boni lamenta que sua capacidade está superdimensionada para a realidade da piscicultura no Nordeste do Brasil, principalmente na área de desova artificial.
Na propriedade, os alevinos de tilápia destacam-se como os mais comercializados no Brasil. No entanto, apesar de estar localizado numa região que ocupa o segundo lugar nacional com 170.065 toneladas em 2022, quase 20% das 860.355 toneladas que o Brasil cultivou no ano, conforme destaca o Anuário 2023 da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), nem a região e nem o Estado representam os principais mercados para a Aquicultura Santa Clara. “Em Sergipe, por exemplo, dos alevinos que produzo aqui não ficam 5%. Ainda não é, mas tem um potencial muito grande e eu gostaria de deixar tudo aqui”, conta Valgueiro.
Segundo Valgueiro, o Estado carece de grandes investimentos cruciais para o seu desenvolvimento. “Aqui, a maioria dos produtores são pequenos. E mesmo que você junte muitos, eles não ficam grandes. Tem que ter um grande investimento aqui porque temos áreas excelentes, tem água, tem clima, tem solo e tem pessoal que gosta de trabalhar, mas tem que ter também uma remuneração digna e uma garantia de compra do produto. Só assim é certeza absoluta que vai ter muita gente entrando na área.”
Além disso, a depender do destino, a região enfrenta desafios logísticos significativos para o transporte de cargas, limitado a caminhões ou destinos com voos diretos. “A quantidade de voos e conexões são problemas. Na conexão muitas vezes deixam até 24 horas para reembarcar a carga e a gente perde o produto”.
Para ele, a hesitação dos empresários em investir na região se deve, em grande parte, à falta de conhecimento. Além disso, ele destaca a necessidade de ações mais efetivas por parte do Governo Estadual. “O Estado tem que abraçar essa causa e ir atrás. O governo pode ter os incentivos fiscais, que é a primeira coisa. Pode ter a linha de financiamento mais barata até porque é uma área trabalhando junto aos pequenos produtores, o pessoal da agricultura familiar. Então, você consegue ter um recurso quando tem um fim social. Nós precisamos disso, o Baixo São Francisco precisa disso e o Nordeste precisa desses empurrões”, expõe.
Apesar dos desafios, a propriedade de Boni continua a expandir-se, destacando-se pela qualidade da água regional e sua estrutura. “A nossa piscicultura é uma das únicas que usa realmente o sistema de recirculação. Eu uso só probiótico e a parte de filtragem é feita com plantas aquáticas”, ressalta. Graças a esse sistema, a sanidade não é um grande problema para Boni. “A gente tem uma água bem tratada, uma água boa, o volume nosso fica na faixa de mais ou menos 7 mil m³ de água renovada e filtrada. É quase um hectare de área só para reservatório e filtragem.”
Nos últimos 5 anos, a propriedade cresceu de 12 para 20 hectares. “Quase dobrou e tem expectativa de dobrar nos próximos anos, mas só depende de uma coisa: se a atividade começar a se desenvolver”, conclui Valgueiro.
Fonte: https://www.seafoodbrasil.com.br
Foto: Reprodução
Há mais de três décadas, Bonifácio Valgueiro deixou sua terra natal em Pernambuco para seguir sua paixão pela produção de peixes em Sergipe. Com formação em engenharia de pesca, Boni, como é conhecido, viu na época a oportunidade de aplicar todo o seu conhecimento e formação em engenharia de pesca na criação da Aquicultura Santa Clara. Localizado em Propriá, Sergipe, esse empreendimento familiar se destaca na região como um dos principais produtores de alevinos em grande escala, atendendo todas as regiões do Brasil.
A produção atual, que se estende por aproximadamente 20 hectares e 80 tanques, foca em alevinos de surubim, carpa, tambatinga, tambaqui, tilápia e panga. Este último, segundo Boni, é uma aposta, apesar das oscilações na comercialização. “O panga não emplacou, mas acredito muito”, comenta o empresário, cuja confiança na espécie é respaldada por experiências adquiridas durante uma viagem ao Vietnã. “Passei 27 dias naquele país e adquiri muitas experiências de produção. O peixe tem potencial”, enfatiza.
O laboratório de larvicultura da Aquicultura Santa Clara é um ponto focal, com a capacidade de produzir até 7 milhões de pós-larvas por semana para peixes redondos, 1 milhão e 200 mil larvas de tilápia, e entre 10 e 12 milhões de larvas de panga semanalmente. Apesar desses números expressivos, Boni lamenta que sua capacidade está superdimensionada para a realidade da piscicultura no Nordeste do Brasil, principalmente na área de desova artificial.
Na propriedade, os alevinos de tilápia destacam-se como os mais comercializados no Brasil. No entanto, apesar de estar localizado numa região que ocupa o segundo lugar nacional com 170.065 toneladas em 2022, quase 20% das 860.355 toneladas que o Brasil cultivou no ano, conforme destaca o Anuário 2023 da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), nem a região e nem o Estado representam os principais mercados para a Aquicultura Santa Clara. “Em Sergipe, por exemplo, dos alevinos que produzo aqui não ficam 5%. Ainda não é, mas tem um potencial muito grande e eu gostaria de deixar tudo aqui”, conta Valgueiro.
Segundo Valgueiro, o Estado carece de grandes investimentos cruciais para o seu desenvolvimento. “Aqui, a maioria dos produtores são pequenos. E mesmo que você junte muitos, eles não ficam grandes. Tem que ter um grande investimento aqui porque temos áreas excelentes, tem água, tem clima, tem solo e tem pessoal que gosta de trabalhar, mas tem que ter também uma remuneração digna e uma garantia de compra do produto. Só assim é certeza absoluta que vai ter muita gente entrando na área.”
Além disso, a depender do destino, a região enfrenta desafios logísticos significativos para o transporte de cargas, limitado a caminhões ou destinos com voos diretos. “A quantidade de voos e conexões são problemas. Na conexão muitas vezes deixam até 24 horas para reembarcar a carga e a gente perde o produto”.
Para ele, a hesitação dos empresários em investir na região se deve, em grande parte, à falta de conhecimento. Além disso, ele destaca a necessidade de ações mais efetivas por parte do Governo Estadual. “O Estado tem que abraçar essa causa e ir atrás. O governo pode ter os incentivos fiscais, que é a primeira coisa. Pode ter a linha de financiamento mais barata até porque é uma área trabalhando junto aos pequenos produtores, o pessoal da agricultura familiar. Então, você consegue ter um recurso quando tem um fim social. Nós precisamos disso, o Baixo São Francisco precisa disso e o Nordeste precisa desses empurrões”, expõe.
Apesar dos desafios, a propriedade de Boni continua a expandir-se, destacando-se pela qualidade da água regional e sua estrutura. “A nossa piscicultura é uma das únicas que usa realmente o sistema de recirculação. Eu uso só probiótico e a parte de filtragem é feita com plantas aquáticas”, ressalta. Graças a esse sistema, a sanidade não é um grande problema para Boni. “A gente tem uma água bem tratada, uma água boa, o volume nosso fica na faixa de mais ou menos 7 mil m³ de água renovada e filtrada. É quase um hectare de área só para reservatório e filtragem.”
Nos últimos 5 anos, a propriedade cresceu de 12 para 20 hectares. “Quase dobrou e tem expectativa de dobrar nos próximos anos, mas só depende de uma coisa: se a atividade começar a se desenvolver”, conclui Valgueiro.
Fonte: https://www.seafoodbrasil.com.br
Foto: Reprodução