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Lambari vira ‘barriga de aluguel’ para impedir extinção da piracanjuba
Usar um lambari, peixe de água doce que tem em média 10 cm e peso máximo de 50 g, como “barriga de aluguel” para a reprodução da piracanjuba, peixe que pode atingir até 80 cm de comprimento e peso de 4 kg e está na lista dos animais com risco de extinção.
Esse é objetivo de uma pesquisa inédita iniciada há cinco anos pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Peixes Continentais (Cepta), órgão vinculado ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em parceria com a CTG Brasil, uma das maiores geradoras de energia do país, com investimentos em 17 usinas hidrelétricas e 11 parques eólicos.
O biólogo Norberto Castro Vianna, especialista de Meio Ambiente da CTG Brasil e um dos pesquisadores, disse à Globo Rural que o trabalho está bem adiantado e se justifica pela piracanjuba ser um peixe de forte apelo comercial, além de ser muito atraente para os pescadores esportivos por ser “bom de briga”.
A espécie, no entanto, diz Norberto, está em risco porque tem reprodução baixa, já que sua população natural nos rios é composta por 90% de machos e 10% de fêmeas. Além disso, é alvo de peixes de outras bacias hidrográficas introduzidos em seu habitat natural.
Barriga de aluguel
A pesquisa inspirada na barriga de aluguel de humanos usa a técnica da “propagação mediada” trazida do Japão que permite que um peixe produza óvulos e espermatozóides de outra espécie em laboratório. A tecnologia consiste em introduzir as células-tronco embrionárias da piracanjuba no lambari para que os machos produzam espermatozóides de piracanjuba e as fêmeas gerem óvulos da piracanjuba para a fecundação em tanques.
No processo, os pesquisadores esterilizaram um lote de lambaris machos e fêmeas para que não haja o risco de o peixinho manter suas próprias células reprodutivas. “Já chegamos a um lambari macho com DNA 100% de piracanjuba, mas ainda não conseguimos o mesmo com a fêmea.”
Vianna estima que a pesquisa demande ainda pelo menos mais um ano para ser concluída. O plano é fazer a fecundação em tanques, criar as larvas resultantes do processo e soltar os alevinos de piracanjuba no rio Paraná.
O lambari foi escolhido como barriga de aluguel por ser uma espécie simples e abundante em todos os rios, que se reproduz quatro vezes ao ano, enquanto a piracanjuba só se reproduz uma vez. Além disso, tem fácil adaptação para reprodução em cativeiro e sua proporção natural de nascimentos é de 50% de machos e 50% de fêmeas.
Além de Vianna, estão trabalhando no projeto os pesquisadores do Cepta George Shigueki Yasui e José Augusto Senhorini.
O investimento da CTG Brasil nesta pesquisa e em outra já concluída que permitiu a criação de um protocolo científico para identificar quais espécies vivem em cada bacia hidrográfica e estimar a população de cada uma nos rios já soma R$ 13 milhões.
Por Eliane Silva — Ribeirão Preto (SP) – Globo Rural
Foto: CTG /Brasil: Divulgação
Esse é objetivo de uma pesquisa inédita iniciada há cinco anos pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Peixes Continentais (Cepta), órgão vinculado ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em parceria com a CTG Brasil, uma das maiores geradoras de energia do país, com investimentos em 17 usinas hidrelétricas e 11 parques eólicos.
O biólogo Norberto Castro Vianna, especialista de Meio Ambiente da CTG Brasil e um dos pesquisadores, disse à Globo Rural que o trabalho está bem adiantado e se justifica pela piracanjuba ser um peixe de forte apelo comercial, além de ser muito atraente para os pescadores esportivos por ser “bom de briga”.
A espécie, no entanto, diz Norberto, está em risco porque tem reprodução baixa, já que sua população natural nos rios é composta por 90% de machos e 10% de fêmeas. Além disso, é alvo de peixes de outras bacias hidrográficas introduzidos em seu habitat natural.
Barriga de aluguel
A pesquisa inspirada na barriga de aluguel de humanos usa a técnica da “propagação mediada” trazida do Japão que permite que um peixe produza óvulos e espermatozóides de outra espécie em laboratório. A tecnologia consiste em introduzir as células-tronco embrionárias da piracanjuba no lambari para que os machos produzam espermatozóides de piracanjuba e as fêmeas gerem óvulos da piracanjuba para a fecundação em tanques.
No processo, os pesquisadores esterilizaram um lote de lambaris machos e fêmeas para que não haja o risco de o peixinho manter suas próprias células reprodutivas. “Já chegamos a um lambari macho com DNA 100% de piracanjuba, mas ainda não conseguimos o mesmo com a fêmea.”
Vianna estima que a pesquisa demande ainda pelo menos mais um ano para ser concluída. O plano é fazer a fecundação em tanques, criar as larvas resultantes do processo e soltar os alevinos de piracanjuba no rio Paraná.
O lambari foi escolhido como barriga de aluguel por ser uma espécie simples e abundante em todos os rios, que se reproduz quatro vezes ao ano, enquanto a piracanjuba só se reproduz uma vez. Além disso, tem fácil adaptação para reprodução em cativeiro e sua proporção natural de nascimentos é de 50% de machos e 50% de fêmeas.
Além de Vianna, estão trabalhando no projeto os pesquisadores do Cepta George Shigueki Yasui e José Augusto Senhorini.
O investimento da CTG Brasil nesta pesquisa e em outra já concluída que permitiu a criação de um protocolo científico para identificar quais espécies vivem em cada bacia hidrográfica e estimar a população de cada uma nos rios já soma R$ 13 milhões.
Por Eliane Silva — Ribeirão Preto (SP) – Globo Rural
Foto: CTG /Brasil: Divulgação