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O que é decoada e como pode afetar o cultivo de peixes?
A produção e cultivo de peixes em espaços confinados, pode ser simples, na prática, mas exige bastante esforço e conhecimento dos produtores. Além de saber as características dos peixes e quais são os melhores para determinada região, também é fundamental ter noção dos equipamentos utilizados e escolher equipamentos de qualidade. Outro ponto fundamental é conhecer as questões que envolvem o tratamento dos peixes, bem como a água e os locais onde ocorrem os processos. Um destes exemplos é a decoada, um fenômeno de alteração de qualidade da água, que ocorre com relativa frequência no Pantanal, por exemplo, e pode ser muito prejudicial para os peixes. A Engepesca vai explicar o que é esta manifestação e como ela pode afetar o cultivo de peixes. Nesse sentido, o produtor precisa estar preparado para ter o maior controle da produção e, nesse caso, com foco em repostas da natureza à população aquática.
Antes de mais nada, entender as razões que causam a decoada é muito importante para também saber como podemos cuidar melhor da nossa criação. Como falamos anteriormente, é um fenômeno muito comum no Pantanal, por isso, vamos utilizar esta região como exemplo. Em períodos de seca anual dos rios, a vegetação aquática morre e é substituída pela vegetação terrestre, em sua maioria gramíneas. Elas se recompõem e crescem muito rápido, tomando conta dos rios. Posteriormente, com a vinda da cheia, a água começa a cobrir a planície e a sua vegetação, em lâminas d'água em geral muito rasas.
A partir disto, começa a ocorrer a decomposição da matéria orgânica submersa, vindas das plantas que morreram durante a seca e destas recentemente submersas, mas que não se adaptam ao novo estado. Desse modo, os compostos são levados para lagos, córregos e rios. O grande problema é que o processo de decomposição é muito intenso e, a partir disso, a atividade de oxidação da matéria orgânica pelas bactérias pode consumir praticamente todo o oxigênio dissolvido na água, liberando dióxido de carbono dissolvido. Assim, os peixes sofrem com a falta de ar debaixo d'água e, para tentar recuperar o oxigênio, sobem a superfície à procura de ar, se tornando também presas fáceis para outros seres vivos. É importante ressaltar que as alterações no pH aquático são as principais responsáveis pela redução de oxigênio e mudanças de coloração.
Ela é causada, portanto, pela variação do nível hidrológico sazonal, ou seja, pelos momentos de inundação, e é caracterizada pela alteração da qualidade da água em relação às concentrações de oxigênio e dióxido de carbono. Também se caracteriza pela alteração dos nutrientes (nitrogênio, fósforo e carbono), além de modificar a cor da água, deixando esta semelhante ao chá preto. Além da presença de água, as elevadas temperaturas que ocorrem no período inicial das enchentes, colaboram na aceleração da decomposição. Quando chega o período de frente-fria, já na fase final, as temperaturas caem e o processo desacelera, melhorando a qualidade da água neste momento.
Vale destacar que a Empresa Brasileira de Pesquisa e Agropecuária (Embrapa) tem ampla experiência na pesquisa, divulgação de informação e no acompanhamento dos períodos de decoada. Além disso, diversas instituições, como ONGs e universidades, colaboram para entender mais sobre este fenômeno, que até onde se sabe, não tem como cancelar. Nesse sentido, um dos grupos de pesquisa da Embrapa descobriu, que entre os anos de 2011 e 2014 a decoada influencia a dinâmica da emissão de metano e dióxido de carbono nos rios. Além disso, constataram a formação de algumas áreas, inclusive durante o fenômeno, que não se misturam à parte afetada, podendo servir de refúgio para peixes e outras espécies.
O efeito da decoada sobre a vida aquática
Como destacamos anteriormente, a decoada pode ser bastante prejudicial para os peixes. Além de dificultar a respiração, deixá-los tontos e, com isso, se tornarem presas fáceis para predadores, também pode acabar causando a morte por asfixia. Além disso, existem algumas espécies de peixes que podem acabar se adaptando com os períodos em que ocorre a decoada. O pacu é um exemplo disto, já que ele desenvolve uma espécie de lábio proeminente na parte inferior da boca e que melhora a eficiência na absorção de oxigênio dissolvido.
Para além dos peixes, a decoada pode causar o desaparecimento de algumas espécies durante o período do fenômeno, como os micro crustáceos suspensos na água. No caso do Pantanal, ela aumenta a mortandade do mexilhão dourado, pois eles morrem caso a baixa dos níveis de oxigênio permaneçam desse modo por mais de 24h. Quando isto ocorre em grande escala, pode acarretar em um impacto expressivo para a comunidade de peixes, até mesmo na fase inicial de desenvolvimento, pois o período da decoada coincide com a desova, além, é claro na fase adulta.
Outro acontecimento decorrente da decoada é a fuga constante de um número elevados de peixes. Eles buscam água limpa e com níveis de oxigênio aceitáveis para a espécie. Nesse sentido, podemos afirmar que o fenômeno, que é sazonal, afeta também o modo de viver de outras espécies. Um exemplo disto são as garças, que migram para lugares onde a decoada está ocorrendo, na busca de alimentação a partir dos animais mortos. Para as populações locais, no caso do Pantanal, também foi preciso se adaptar ao fenômeno e mudar o tratamento da água durante a atividade.
Por Engepesca
Foto: Divulgação
Antes de mais nada, entender as razões que causam a decoada é muito importante para também saber como podemos cuidar melhor da nossa criação. Como falamos anteriormente, é um fenômeno muito comum no Pantanal, por isso, vamos utilizar esta região como exemplo. Em períodos de seca anual dos rios, a vegetação aquática morre e é substituída pela vegetação terrestre, em sua maioria gramíneas. Elas se recompõem e crescem muito rápido, tomando conta dos rios. Posteriormente, com a vinda da cheia, a água começa a cobrir a planície e a sua vegetação, em lâminas d'água em geral muito rasas.
A partir disto, começa a ocorrer a decomposição da matéria orgânica submersa, vindas das plantas que morreram durante a seca e destas recentemente submersas, mas que não se adaptam ao novo estado. Desse modo, os compostos são levados para lagos, córregos e rios. O grande problema é que o processo de decomposição é muito intenso e, a partir disso, a atividade de oxidação da matéria orgânica pelas bactérias pode consumir praticamente todo o oxigênio dissolvido na água, liberando dióxido de carbono dissolvido. Assim, os peixes sofrem com a falta de ar debaixo d'água e, para tentar recuperar o oxigênio, sobem a superfície à procura de ar, se tornando também presas fáceis para outros seres vivos. É importante ressaltar que as alterações no pH aquático são as principais responsáveis pela redução de oxigênio e mudanças de coloração.
Ela é causada, portanto, pela variação do nível hidrológico sazonal, ou seja, pelos momentos de inundação, e é caracterizada pela alteração da qualidade da água em relação às concentrações de oxigênio e dióxido de carbono. Também se caracteriza pela alteração dos nutrientes (nitrogênio, fósforo e carbono), além de modificar a cor da água, deixando esta semelhante ao chá preto. Além da presença de água, as elevadas temperaturas que ocorrem no período inicial das enchentes, colaboram na aceleração da decomposição. Quando chega o período de frente-fria, já na fase final, as temperaturas caem e o processo desacelera, melhorando a qualidade da água neste momento.
Vale destacar que a Empresa Brasileira de Pesquisa e Agropecuária (Embrapa) tem ampla experiência na pesquisa, divulgação de informação e no acompanhamento dos períodos de decoada. Além disso, diversas instituições, como ONGs e universidades, colaboram para entender mais sobre este fenômeno, que até onde se sabe, não tem como cancelar. Nesse sentido, um dos grupos de pesquisa da Embrapa descobriu, que entre os anos de 2011 e 2014 a decoada influencia a dinâmica da emissão de metano e dióxido de carbono nos rios. Além disso, constataram a formação de algumas áreas, inclusive durante o fenômeno, que não se misturam à parte afetada, podendo servir de refúgio para peixes e outras espécies.
O efeito da decoada sobre a vida aquática
Como destacamos anteriormente, a decoada pode ser bastante prejudicial para os peixes. Além de dificultar a respiração, deixá-los tontos e, com isso, se tornarem presas fáceis para predadores, também pode acabar causando a morte por asfixia. Além disso, existem algumas espécies de peixes que podem acabar se adaptando com os períodos em que ocorre a decoada. O pacu é um exemplo disto, já que ele desenvolve uma espécie de lábio proeminente na parte inferior da boca e que melhora a eficiência na absorção de oxigênio dissolvido.
Para além dos peixes, a decoada pode causar o desaparecimento de algumas espécies durante o período do fenômeno, como os micro crustáceos suspensos na água. No caso do Pantanal, ela aumenta a mortandade do mexilhão dourado, pois eles morrem caso a baixa dos níveis de oxigênio permaneçam desse modo por mais de 24h. Quando isto ocorre em grande escala, pode acarretar em um impacto expressivo para a comunidade de peixes, até mesmo na fase inicial de desenvolvimento, pois o período da decoada coincide com a desova, além, é claro na fase adulta.
Outro acontecimento decorrente da decoada é a fuga constante de um número elevados de peixes. Eles buscam água limpa e com níveis de oxigênio aceitáveis para a espécie. Nesse sentido, podemos afirmar que o fenômeno, que é sazonal, afeta também o modo de viver de outras espécies. Um exemplo disto são as garças, que migram para lugares onde a decoada está ocorrendo, na busca de alimentação a partir dos animais mortos. Para as populações locais, no caso do Pantanal, também foi preciso se adaptar ao fenômeno e mudar o tratamento da água durante a atividade.
Por Engepesca
Foto: Divulgação