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Pescado é sustentável? Mas o que o consumidor quer comprar?


Cada vez mais o produtor que deseja exportar seus produtos para o mercado europeu precisa obter uma certificação, ela comprava o emprego das Boas Práticas de Produção na fazenda, demandado pelos consumidores que estão a cada dia mais conscientes e preferem produtos certificados, rastreáveis e com menor impacto ambiental. Já no mercado brasileiro, a certificação é impulsionada pela pressão do varejo, levando o produtor a se adequar aos requisitos para obtenção de selos como o da Aquaculture Stewardship Council (ASC). 
 
Neste cenário, a certificação se torna um pilar fundamental para garantir a transparência da cadeia produtiva. O bem-estar animal e as práticas de produção seguras são essenciais para assegurar ainda a qualidade e a segurança dos alimentos. “Desde a formulação da ração até o abate, cada etapa da cadeia produtiva deve ser cuidadosamente monitorada e auditada para garantir o cumprimento dos padrões estabelecidos", comenta Ana Carolina Iozzi, consultora em aquicultura pela MSC. Ela participou do Podcast Seafood Brasil com Laurent Viguie, gestor das operações da ASC no Brasil.
 
Para as empresas do setor, investir na certificação, rastreabilidade e comunicação transparente vai além de atender às exigências do mercado. É também uma oportunidade de diferenciar-se e agregar valor à marca. A responsabilidade de oferecer alimentos seguros e sustentáveis é um compromisso compartilhado por toda a cadeia produtiva. Esse compromisso não só gera valor para todos os envolvidos, como também demanda uma produção responsável que atenda aos requisitos da certificação. Veja mais sobre os programas de certificação aqui.
 
O pescado é sustentável? 
 
Iozzi comenta que sustentabilidade é uma palavra ambiciosa. Conforme ela, ao falarmos de pescado sustentável, é importante considerar que atualmente mais da metade do pescado consumido no mercado já é proveniente da aquicultura. Isso é positivo, pois significa que superamos a dependência da pesca extrativa. 
 
No entanto, toda atividade, por menor que seja, gera impactos, sejam positivos ou negativos. Portanto, para a especialista, quando falamos de sustentabilidade, estamos nos referindo a uma abordagem que deve ser economicamente viável, socialmente justa e ambientalmente responsável. Alcançar essa tríade é um objetivo ambicioso. “Por isso, muitas vezes nos referimos a 'produção responsável' ou 'boas práticas de produção', termos que nos ajudam a avaliar esses impactos ao longo do tempo”, diz. Para ela, os próprios estudos da certificação ajudam e corroboram essa devolutiva até chegar ao conceito de sustentável.
 
Marketing para vendas de pescado responsável
 
Em estudo recente realizado com 15 mil consumidores em 14 países, a ASC divulgou que apenas 2% dos consumidores pensam espontaneamente em comprar pescado sustentável. Viguie ressaltou no Podcast que “marketing é um aspecto crucial nesse contexto. É importante focar nas campanhas de marketing para explicar ao consumidor o motivo de escolher o pescado certificado." 
 
Willem de Bruijn, diretor sênior de marketing e desenvolvimento de mercado da ASC ressaltou ao portal The Fish Site que o consumidor precisa de um estímulo visual fácil no ponto de venda, dos selos de certificação no produto e ser educado sobre os motivos que ele tem para comprar o pescado produzido de forma responsável. 
 
Certificação ASC
 
O selo ASC foi desenvolvido em colaboração com diversos segmentos da cadeia produtiva, incluindo academia, varejo, produtores e processadores."Todo o processo é transparente, com consultas públicas e envolvimento de todos os elos da cadeia produtiva",  destaca Iozzi.
 
O selo foi criado pelo World Wildlife Fund (WWF) em resposta à demanda tanto dos consumidores quanto da própria indústria. "Dado o selo MSC para a pesca extrativa, percebeu-se a necessidade de estabelecer um mecanismo similar de certificação para a aquicultura”, completa Viguie.
 
A certificação ASC assegura que uma fazenda de aquicultura responsável mantém impactos reduzidos e controlados no ambiente circundante, utilizando de forma eficiente os insumos, como ingredientes para ração, água e energia. A produção conta com operações e manejos responsáveis e gerenciados de maneiras que protegem a vida selvagem, os trabalhadores, as comunidades e o ambiente em que todos vivem.
 
A MSC possui métricas-chave que estão incorporadas nos núcleos dos padrões da ASC, que melhoram o desempenho ambiental e social no nível da fazenda. Essas métricas podem ser aplicadas em diversos sistemas aquícolas, independentemente do tamanho, da espécie criada e da localização das fazendas. São elas: fonte de alimentação dos peixes, áreas usadas (convertidas) para a produção, uso da água, sobrevivência dos animais, eficiência alimentar e resíduos, poluição da água, uso de energia e questões sociais.
 
Conforme Iozzi, de acordo com uma pesquisa recente, a ASC é o selo de certificação mais reconhecido na Europa, destacando-se pela transparência, rigor nos padrões e auditorias independentes. No Brasil, mesmo que o mercado interno esteja em fase inicial de adesão (e consciência), a certificação ASC tem ganhado espaço, principalmente entre as empresas voltadas para a exportação. 
 

 Por Seafood Brasil
Créditos da imagem: Canva