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Pesquisadores do IFMA Maracanã recebem Prêmio Fapema por estudos sobre sururu e piaba
A licenciada em Ciências Agrárias, Melissa Moraes Câmara, testou 13 diferentes concentrações de salinidade, para identificar as condições mais favoráveis à sobrevivência e ao crescimento do sururu de lama (Mytella strigata), espécie nativa do litoral maranhense. Já o estudante do curso técnico em Aquicultura, Pedro Lucas dos Santos de Souza, foi à Baixada Maranhense e fez um levantamento dos conhecimentos guardados por pescadores artesanais sobre a pesca de piaba (Astyanax cf. bimaculatus). Com aquele estudo, ela conquistou o primeiro lugar na categoria PopVídeo, do Prêmio Fapema, enquanto ele garantiu o segundo lugar na categoria Pesquisador Júnior. O resultado saiu na sexta-feira (05). Esses estudos foram orientados pela professora Izabel Cristina da Silva Almeida Funo, coordenadora do Núcleo de Maricultura (Numar), do IFMA – Campus Maracanã.
Para a categoria PopVídeo, Melissa gravou um audiovisual de dois minutos, contando detalhes de como foi feita a pesquisa. Ela demonstrou que o experimento aconteceu em laboratório, usando béqueres de um litro e cada um comportou 30 sururus. Na água despejada nesses recipientes, havia uma concentração de sal variando de zero a 60, com intervalo de 5. Os moluscos foram alimentados com microalgas e havia aeração contínua. Toda semana, eram verificados o tamanho, o peso e a quantidade de sururus sobreviventes.
“Esses moluscos são adaptados para viver em diversas condições ambientais, principalmente em estuários e zonas costeiras, que têm grande variação de salinidade. Essa salinidade varia por conta da influência da água salgada e da água doce. Mas níveis extremos de salinidade podem ser limitantes para o cultivo comercial dessas espécies. É por isso que a gente testou a sobrevivência e crescimento em diferentes salinidades”, explicou a pesquisadora.
No vídeo, Melissa usa uma maquete para mostrar os dados estatísticos. Ela indica, por exemplo, que o cultivo de sururu pode atingir níveis ótimos em salinidades que variam de 25 a 45. As melhores taxas de sobrevivência foram observadas em salinidades compreendidas entre 30 e 45. Para o crescimento em altura da concha, as condições ideais variaram entre 25 e 45. Por sua vez, o ganho de peso foi otimizado em salinidades entre 25 e 40. Salinidades extremas, como 0, 5, 55 e 60, não são viáveis para o cultivo, visto que os moluscos sobreviviam apenas por três dias, nessas condições.
Marisqueiras do litoral do Maranhão já demonstraram interesse em cultivar essa espécie nativa de sururu, o que ajudaria na geração de mais renda e também contribuiria para a conservação dos bancos naturais desse molusco. Com os resultados levantados pelas pesquisadoras do Campus Maracanã, é possível agora buscar um local que apresente as concentrações de salinidade recomendadas pelo estudo.
A pesca da piaba
A equipe do Numar fez quatro expedições ao município de Pinheiro, na Baixada Maranhense, e entrevistou 110 pescadores artesanais. Os pesquisadores queriam registrar como é feita a pesca da piaba, espécie que é priorizada por 71,82% dos que atuam nos campos alagados da região. Nas descrições do jovem pesquisador Pedro Souza e da orientadora Izabel Funo, no artigo premiado pela Fapema, estão catalogados conhecimentos tradicionais sobre as formas de captura, a estação do ano de maior predominância, além de aspectos ecológicos, biológicos e reprodutivos dos peixes.
Piabas pescadas nos campos alagados de Pinheiro
De acordo com os pesquisadores, a piaba é o segundo peixe mais comercializado na região, ficando atrás apenas da traíra. “Essa dinâmica está intrinsecamente relacionada à conexão dos canais dos rios com os lagos, proporcionando uma troca eficiente de nutrientes entre os ambientes aquáticos. Além disso, a captura da piaba está fortemente ligada ao seu valor na culinária local, sua rentabilidade e a facilidade de captura”, avalia Pedro.
Os pescadores usam equipamentos simples para a pesca, principalmente a tarrafa, malhadeira, caniço e anzol. Mas quem trabalha há anos nesse ofício já percebe que a quantidade de piaba nos campos inundáveis está diminuindo. Na percepção dos pescadores, segundo o estudo, as principais causas são a exploração intensa, a presença de predadores naturais, a gestão inadequada das comportas da barragem, a contaminação da água por resíduos domésticos e a criação de búfalos. “Os dados podem sustentar projetos de cultivo da piaba, fomentando a piscicultura como alternativa ao extrativismo”, aponta, como solução, a pesquisadora Izabel Funo.
Pela descrição dos pescadores artesanais, existem dois tipos de piaba, com cores das caudas e formas do corpo diferentes do gênero Astyanax, o que pode indicar a presença de espécies diferentes daquelas já mapeadas por cientistas. Mas, segundo os estudiosos do Numar, para confirmar, é preciso fazer estudos genéticos. “A relação entre conhecimento tradicional e científico destaca a importância desses saberes na gestão dos recursos pesqueiros e nas políticas de preservação”, ressalta o jovem pesquisador.
CATEGORIA POPVÍDEO
1º lugar – Ana Melissa de Moraes Câmara e Izabel Cristina da Silva Almeida Funo
Trabalho premiado: Influência da salinidade sobre o crescimento e sobrevivência do sururu Mytella strigata (hanley, 1843)
CATEGORIA JOVEM PESQUISADOR
2º Lugar – Pedro Lucas dos Santos de Souza
Trabalho premiado: Aspectos etnoecológicos da pesca artesanal de Astyanax cf. bimaculatus nos campos inundáveis do município de Pinheiro, Baixada Maranhense
Fonte: Rômulo Gomes - Instituto Federal do Maranhão – IFMA
Foto: Reprodução
Para a categoria PopVídeo, Melissa gravou um audiovisual de dois minutos, contando detalhes de como foi feita a pesquisa. Ela demonstrou que o experimento aconteceu em laboratório, usando béqueres de um litro e cada um comportou 30 sururus. Na água despejada nesses recipientes, havia uma concentração de sal variando de zero a 60, com intervalo de 5. Os moluscos foram alimentados com microalgas e havia aeração contínua. Toda semana, eram verificados o tamanho, o peso e a quantidade de sururus sobreviventes.
“Esses moluscos são adaptados para viver em diversas condições ambientais, principalmente em estuários e zonas costeiras, que têm grande variação de salinidade. Essa salinidade varia por conta da influência da água salgada e da água doce. Mas níveis extremos de salinidade podem ser limitantes para o cultivo comercial dessas espécies. É por isso que a gente testou a sobrevivência e crescimento em diferentes salinidades”, explicou a pesquisadora.
No vídeo, Melissa usa uma maquete para mostrar os dados estatísticos. Ela indica, por exemplo, que o cultivo de sururu pode atingir níveis ótimos em salinidades que variam de 25 a 45. As melhores taxas de sobrevivência foram observadas em salinidades compreendidas entre 30 e 45. Para o crescimento em altura da concha, as condições ideais variaram entre 25 e 45. Por sua vez, o ganho de peso foi otimizado em salinidades entre 25 e 40. Salinidades extremas, como 0, 5, 55 e 60, não são viáveis para o cultivo, visto que os moluscos sobreviviam apenas por três dias, nessas condições.
Marisqueiras do litoral do Maranhão já demonstraram interesse em cultivar essa espécie nativa de sururu, o que ajudaria na geração de mais renda e também contribuiria para a conservação dos bancos naturais desse molusco. Com os resultados levantados pelas pesquisadoras do Campus Maracanã, é possível agora buscar um local que apresente as concentrações de salinidade recomendadas pelo estudo.
A pesca da piaba
A equipe do Numar fez quatro expedições ao município de Pinheiro, na Baixada Maranhense, e entrevistou 110 pescadores artesanais. Os pesquisadores queriam registrar como é feita a pesca da piaba, espécie que é priorizada por 71,82% dos que atuam nos campos alagados da região. Nas descrições do jovem pesquisador Pedro Souza e da orientadora Izabel Funo, no artigo premiado pela Fapema, estão catalogados conhecimentos tradicionais sobre as formas de captura, a estação do ano de maior predominância, além de aspectos ecológicos, biológicos e reprodutivos dos peixes.
Piabas pescadas nos campos alagados de Pinheiro
De acordo com os pesquisadores, a piaba é o segundo peixe mais comercializado na região, ficando atrás apenas da traíra. “Essa dinâmica está intrinsecamente relacionada à conexão dos canais dos rios com os lagos, proporcionando uma troca eficiente de nutrientes entre os ambientes aquáticos. Além disso, a captura da piaba está fortemente ligada ao seu valor na culinária local, sua rentabilidade e a facilidade de captura”, avalia Pedro.
Os pescadores usam equipamentos simples para a pesca, principalmente a tarrafa, malhadeira, caniço e anzol. Mas quem trabalha há anos nesse ofício já percebe que a quantidade de piaba nos campos inundáveis está diminuindo. Na percepção dos pescadores, segundo o estudo, as principais causas são a exploração intensa, a presença de predadores naturais, a gestão inadequada das comportas da barragem, a contaminação da água por resíduos domésticos e a criação de búfalos. “Os dados podem sustentar projetos de cultivo da piaba, fomentando a piscicultura como alternativa ao extrativismo”, aponta, como solução, a pesquisadora Izabel Funo.
Pela descrição dos pescadores artesanais, existem dois tipos de piaba, com cores das caudas e formas do corpo diferentes do gênero Astyanax, o que pode indicar a presença de espécies diferentes daquelas já mapeadas por cientistas. Mas, segundo os estudiosos do Numar, para confirmar, é preciso fazer estudos genéticos. “A relação entre conhecimento tradicional e científico destaca a importância desses saberes na gestão dos recursos pesqueiros e nas políticas de preservação”, ressalta o jovem pesquisador.
CATEGORIA POPVÍDEO
1º lugar – Ana Melissa de Moraes Câmara e Izabel Cristina da Silva Almeida Funo
Trabalho premiado: Influência da salinidade sobre o crescimento e sobrevivência do sururu Mytella strigata (hanley, 1843)
CATEGORIA JOVEM PESQUISADOR
2º Lugar – Pedro Lucas dos Santos de Souza
Trabalho premiado: Aspectos etnoecológicos da pesca artesanal de Astyanax cf. bimaculatus nos campos inundáveis do município de Pinheiro, Baixada Maranhense
Fonte: Rômulo Gomes - Instituto Federal do Maranhão – IFMA
Foto: Reprodução