Notícias
Produtores de Rondônia investem no teste Tambaplus para melhoria das matrizes de tambaqui
Os produtores Jenner Bezerra de Menezes e Newton Tavares, de Rondônia (RO), começaram o ano de 2020 com novidades em suas fazendas de tambaqui (Colossoma macropomum), o peixe nativo mais produzido no Brasil. Responsáveis pela produção de milhares de alevinos desse de peixe, os dois são pioneiros no uso do teste TambaPlus, tecnologia da Embrapa que reúne ferramentas genômicas desenvolvidas para a análise e certificação de parentesco e pureza da espécie, requisitos fundamentais para aumentar a produtividade com maior qualidade.
Com uma produção média de dez milhões de alevinos por ano em duas bases de criação localizadas em Rondônia, Jenner Bezerra de Menezes fez os primeiros testes para certificação de parentesco e pureza ainda em 2019. “Com o uso da ferramenta nós podemos rastrear os cruzamentos, tendo a certeza de que não estamos fazendo cruzamentos endogâmicos, ou seja, teremos uma prole pura. O nosso produto é rastreado e com responsabilidade genética. Essa ferramenta nos permite isso”, diz Menezes, que comercializa os alevinos para o Estado onde mantém as fazendas e também para o Acre e Mato Grosso. Segundo ele a expectativa é de ter animais que crescem mais, justamente porque não terão os problemas de consanguinidade. “Esperamos melhorar o plantel reprodutor e fazer intercâmbio com produtores que usam a ferramenta Tambaplus e, assim, melhorar a genética do tambaqui no Brasil”, comenta Menezes.
Há 25 anos no ramo de alevinagem, Newton Tavares, sócio proprietário da Piscicultura Verde Vale, com criatórios nos municípios de Ouro Preto do Oeste e Rolim de Moura (RO), tem no tambaqui o carro-chefe de sua produção, com pelo menos 5 milhões de alevinos/ano – além de também produzir o pirarucu, piau, pacu, curimba, jatuarana, pintado e carpa capim. “A ferramenta é o pontapé inicial para aqueles que desejam desenvolver programas de melhoramento genéticos em seu plantel de matrizes, que é o nosso caso, permitindo que recebamos os dados da análise feita pela Embrapa em pouco tempo”, observa Tavares.
Publicidade
Publicidade
Publicidade
Mais de 1,5 mil testes foram realizados pela Embrapa
A Embrapa já realizou serviços de análises para seis produtores - além daqueles testes fomentados por meio do projeto BRSAqua, que somaram mais dez fazendas de Mato Grosso, Roraima, Tocantins e Amazônia do Amazonas e quatro para Rondônia, em um tempo médio entre o recebimento de amostras e a entrega dos resultados de sete dias. “Ao todo analisamos mais de 1,5 mil amostras”, conta o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Alexandre Caetano.
O serviço de análise de amostras para pureza-específica e para parentesco é ofertado pela Embrapa por R$ 60,00 cada uma delas. Considerando a análise de parentesco e a pureza-específica de 100 matrizes, por exemplo, que sairia por R$ 12 mil, o produtor teria o investimento amortizado em um período de três anos, tempo de utilização de uma matriz. Além disso, os pesquisadores calculam uma receita adicional de R$ 112,5 mil com matrizes de qualidade para o produtor de alevinos.
Simulações realizadas pela equipe da Embrapa sugerem que, considerando uma produção anual média de 150 mil toneladas, e que a ocorrência de acasalamentos entre animais aparentados pode ser entre 10% e 30% do total, a adoção plena das tecnologias desenvolvidas em todo o setor produtivo do Brasil podem resultar em ganhos adicionais entre R$ 9 milhões e R$ 28 milhões aos produtores.
O desenvolvimento das ferramentas genômicas aplicadas a partir das bases de dados da Embrapa é fruto do projeto BRSAqua, que conta com financiamento do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES/Funtec); da Secretaria da Aquicultura e da Pesca (SAP), ligada ao Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) via Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); da Fundação de Amparo à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF); e da própria Embrapa. Até o fim do projeto BRSAqua, previsto para 2021, a ferramenta será aprimorada para que possa ser introduzida no mercado sem restrições.
As vantagens do teste
O TambaPlus pode evitar essas perdas e melhorar a eficiência produtiva e a lucratividade do setor: pois disponibiliza ferramentas que vão analisar a pureza e também a identificação do grau de parentesco das matrizes, o que proporciona avanços importantes para o manejo genético dos plantéis de reprodutores, explica Alexandre Caetano. “A ferramenta desenvolvida para a certificação de pureza específica do tambaqui é capaz de identificar as introgressões, isto é, contaminações de até 3% de pacu ou caranha, espécies nativas com características ou aparências semelhantes, utilizadas frequentemente na produção de híbridos destinados à engorda e consumo”, diz o pesquisador. Essas contaminações ocorrem em cruzamentos não intencionais com híbridos, levando à perda da variabilidade genética nos estoques de espécies puras, com consequências produtivas ainda desconhecidas. A ferramenta auxiliará os produtores na manutenção das linhagens de reprodutores puros e a consolidar a Coleção de Base de Germoplasma de tambaqui na Embrapa.
Controle genealógico é a base de uma fazenda com excelência
Os produtores Tavares e Menezes têm mesmo motivos para entrarem 2020 com expectativas positivas para melhoria de seus planteis, pois até pouco tempo a certificação e a gestão de matrizes de tambaqui para a produção de alevinos representava um problema para o setor. As ferramentas disponibilizadas no teste TambaPlus, no entanto, mudam o cenário de incertezas quanto à qualidade das matrizes. Elas são fruto das informações obtidas com o sequenciamento do genoma do tambaqui realizado pela Embrapa em 2017, onde foram identificados milhões de marcadores genômicos denominados SNPs (do inglês “Single Nucleotide Polymorphism”). A equipe de pesquisa utilizou essas informações para criar dois chips de DNA para fazer testes diagnósticos de grau de parentesco e pureza específica.
Os marcadores SNP têm grande aplicação na caracterização de recursos genéticos e geração de tecnologias aplicadas para o melhoramento animal que, de modo genérico, envolve as etapas de coleta de dados produtivos, avaliação genética, identificação e seleção de indivíduos superiores e acasalamento, e depende de bons processos para identificar e marcar cada animal do plantel.
O controle genealógico (de pedigree) dos animais utilizados para a produção pecuária é fundamental para evitar o acasalamento entre parentes próximos (como irmãos, por exemplo), de forma a reduzir as perdas produtivas decorrentes da propagação de doenças genéticas que impedem o desenvolvimento dos embriões e causam malformações, além de atrapalhar o crescimento dos animais que sobrevivem. As perdas em decorrência de fenômenos como a depressão endogâmica chegam a percentuais entre 10% e 30% da produção.
A expansão dos peixes nativos
O Brasil produz cerca de 290 mil toneladas de peixes nativos, liderados pelo tambaqui (Colossoma macropomum), pirapitinga/caranha (Piaractus brachypomus), pacu (Piaractus mesopotamicus) e híbridos, especialmente tambatinga, conforme o Anuário da Piscicultura 2019. As espécies nativas representam 39,84% da produção nacional e estão disseminadas, principalmente, nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste. Os estados de Rondônia, Mato Grosso, Maranhão, Pará e Roraima respondem por quase 70% dos peixes nativos produzidos no País.
Fonte: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
Foto: Divulgação
Com uma produção média de dez milhões de alevinos por ano em duas bases de criação localizadas em Rondônia, Jenner Bezerra de Menezes fez os primeiros testes para certificação de parentesco e pureza ainda em 2019. “Com o uso da ferramenta nós podemos rastrear os cruzamentos, tendo a certeza de que não estamos fazendo cruzamentos endogâmicos, ou seja, teremos uma prole pura. O nosso produto é rastreado e com responsabilidade genética. Essa ferramenta nos permite isso”, diz Menezes, que comercializa os alevinos para o Estado onde mantém as fazendas e também para o Acre e Mato Grosso. Segundo ele a expectativa é de ter animais que crescem mais, justamente porque não terão os problemas de consanguinidade. “Esperamos melhorar o plantel reprodutor e fazer intercâmbio com produtores que usam a ferramenta Tambaplus e, assim, melhorar a genética do tambaqui no Brasil”, comenta Menezes.
Há 25 anos no ramo de alevinagem, Newton Tavares, sócio proprietário da Piscicultura Verde Vale, com criatórios nos municípios de Ouro Preto do Oeste e Rolim de Moura (RO), tem no tambaqui o carro-chefe de sua produção, com pelo menos 5 milhões de alevinos/ano – além de também produzir o pirarucu, piau, pacu, curimba, jatuarana, pintado e carpa capim. “A ferramenta é o pontapé inicial para aqueles que desejam desenvolver programas de melhoramento genéticos em seu plantel de matrizes, que é o nosso caso, permitindo que recebamos os dados da análise feita pela Embrapa em pouco tempo”, observa Tavares.
Publicidade
Publicidade
Publicidade
Mais de 1,5 mil testes foram realizados pela Embrapa
A Embrapa já realizou serviços de análises para seis produtores - além daqueles testes fomentados por meio do projeto BRSAqua, que somaram mais dez fazendas de Mato Grosso, Roraima, Tocantins e Amazônia do Amazonas e quatro para Rondônia, em um tempo médio entre o recebimento de amostras e a entrega dos resultados de sete dias. “Ao todo analisamos mais de 1,5 mil amostras”, conta o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Alexandre Caetano.
O serviço de análise de amostras para pureza-específica e para parentesco é ofertado pela Embrapa por R$ 60,00 cada uma delas. Considerando a análise de parentesco e a pureza-específica de 100 matrizes, por exemplo, que sairia por R$ 12 mil, o produtor teria o investimento amortizado em um período de três anos, tempo de utilização de uma matriz. Além disso, os pesquisadores calculam uma receita adicional de R$ 112,5 mil com matrizes de qualidade para o produtor de alevinos.
Simulações realizadas pela equipe da Embrapa sugerem que, considerando uma produção anual média de 150 mil toneladas, e que a ocorrência de acasalamentos entre animais aparentados pode ser entre 10% e 30% do total, a adoção plena das tecnologias desenvolvidas em todo o setor produtivo do Brasil podem resultar em ganhos adicionais entre R$ 9 milhões e R$ 28 milhões aos produtores.
O desenvolvimento das ferramentas genômicas aplicadas a partir das bases de dados da Embrapa é fruto do projeto BRSAqua, que conta com financiamento do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES/Funtec); da Secretaria da Aquicultura e da Pesca (SAP), ligada ao Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) via Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); da Fundação de Amparo à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF); e da própria Embrapa. Até o fim do projeto BRSAqua, previsto para 2021, a ferramenta será aprimorada para que possa ser introduzida no mercado sem restrições.
As vantagens do teste
O TambaPlus pode evitar essas perdas e melhorar a eficiência produtiva e a lucratividade do setor: pois disponibiliza ferramentas que vão analisar a pureza e também a identificação do grau de parentesco das matrizes, o que proporciona avanços importantes para o manejo genético dos plantéis de reprodutores, explica Alexandre Caetano. “A ferramenta desenvolvida para a certificação de pureza específica do tambaqui é capaz de identificar as introgressões, isto é, contaminações de até 3% de pacu ou caranha, espécies nativas com características ou aparências semelhantes, utilizadas frequentemente na produção de híbridos destinados à engorda e consumo”, diz o pesquisador. Essas contaminações ocorrem em cruzamentos não intencionais com híbridos, levando à perda da variabilidade genética nos estoques de espécies puras, com consequências produtivas ainda desconhecidas. A ferramenta auxiliará os produtores na manutenção das linhagens de reprodutores puros e a consolidar a Coleção de Base de Germoplasma de tambaqui na Embrapa.
Controle genealógico é a base de uma fazenda com excelência
Os produtores Tavares e Menezes têm mesmo motivos para entrarem 2020 com expectativas positivas para melhoria de seus planteis, pois até pouco tempo a certificação e a gestão de matrizes de tambaqui para a produção de alevinos representava um problema para o setor. As ferramentas disponibilizadas no teste TambaPlus, no entanto, mudam o cenário de incertezas quanto à qualidade das matrizes. Elas são fruto das informações obtidas com o sequenciamento do genoma do tambaqui realizado pela Embrapa em 2017, onde foram identificados milhões de marcadores genômicos denominados SNPs (do inglês “Single Nucleotide Polymorphism”). A equipe de pesquisa utilizou essas informações para criar dois chips de DNA para fazer testes diagnósticos de grau de parentesco e pureza específica.
Os marcadores SNP têm grande aplicação na caracterização de recursos genéticos e geração de tecnologias aplicadas para o melhoramento animal que, de modo genérico, envolve as etapas de coleta de dados produtivos, avaliação genética, identificação e seleção de indivíduos superiores e acasalamento, e depende de bons processos para identificar e marcar cada animal do plantel.
O controle genealógico (de pedigree) dos animais utilizados para a produção pecuária é fundamental para evitar o acasalamento entre parentes próximos (como irmãos, por exemplo), de forma a reduzir as perdas produtivas decorrentes da propagação de doenças genéticas que impedem o desenvolvimento dos embriões e causam malformações, além de atrapalhar o crescimento dos animais que sobrevivem. As perdas em decorrência de fenômenos como a depressão endogâmica chegam a percentuais entre 10% e 30% da produção.
A expansão dos peixes nativos
O Brasil produz cerca de 290 mil toneladas de peixes nativos, liderados pelo tambaqui (Colossoma macropomum), pirapitinga/caranha (Piaractus brachypomus), pacu (Piaractus mesopotamicus) e híbridos, especialmente tambatinga, conforme o Anuário da Piscicultura 2019. As espécies nativas representam 39,84% da produção nacional e estão disseminadas, principalmente, nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste. Os estados de Rondônia, Mato Grosso, Maranhão, Pará e Roraima respondem por quase 70% dos peixes nativos produzidos no País.
Fonte: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
Foto: Divulgação