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Secretaria de Agricultura apresenta sucesso das pesquisas com algas marinhas


A agricultura, ou seja, o cultivo de algas, tem se tornado uma importante atividade econômica no mundo todo, de acordo com os dados estatísticos de 2020 da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). O Instituto de Pesca (IP-APTA), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, é a única instituição no Estado que vem desenvolvendo pesquisas com a alga cultivada no ambiente natural, desde 1995.
 
 
Recentemente, tem ocorrido um crescente reconhecimento do cultivo de algas (cultivo) de algas marinhas e de seu potencial no fornecimento de soluções como o sequestro de gás carbônico na atmosfera; benefícios na alimentação humana e animal e a disponibilidade de biomassa para as indústrias agrícolas, alimentícias, cosméticas, farmacêuticas e de biofertilizantes.     
 
Além das publicações científicas em revistas de alto impacto, as pesquisas desenvolvidas já apresentaram excelentes resultados, rendendo ao Instituto de Pesca, em conjunto com a Universidade Estadual Paulista (UNESP), uma patente referente à hidrólise de glucana em glicose. Esta é mais uma alternativa de matriz energética associada à produção de biocombustíveis e de produtos químicos, por meio de fontes renováveis.
 
 
A espécie que mais se destaca entre as pesquisas é a macroalga Kappaphycus alvarezii, introduzida no Estado de São Paulo, em 1995, por meio de uma parceria entre o Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo e o Instituto de Pesca, instituição que desenvolve diversos projetos na Fazenda Marinha Experimental e no Laboratório de Algas Marinhas (LABALGAS), do Núcleo Regional de Pesquisa do Litoral Norte.
 
Um dos inovadores projetos da instituição, realizado em parceria com a Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) da UNICAMP, apresentou várias potencialidades da macroalga Kappaphycus alvarezii, como o uso de seu extrato como biofertilizante, devido a sua eficiência agronômica e as concentrações dos macronutrientes secundários e micronutrientes analisados.
 
Destaca-se também o projeto que tem dado suporte à permanência das 11 linhagens da espécie, resultando na produção de farinha da macroalga para uso alimentar, como parte da composição das almôndegas da Carne Mecanicamente Separada de Peixes, por exemplo; e na produção de bioplástico.
 
A área de agroenergia também se beneficia com as pesquisas, como a realizada em colaboração com a UNESP de Araraquara e a USP de Ribeirão Preto, voltada à extração de biocombustíveis (bioetanol e hidrogênio), associando o cultivo e os parâmetros ambientais e oceanográficos das quatro linhagens da macroalga.
 
Economia e Áreas de cultivo
 
Os resultados dos estudos econômicos, relacionados às pesquisas com a macroalga Kappaphycus alvarezii (IP/UNICAMP), mostraram que a produção do extrato artesanal foi economicamente viável para o cenário da análise de sensibilidade, com preço de venda a partir de R$ 9,00 para o sistema familiar.
 
O dimensionamento das áreas para a implantação da atividade da algicultura, classificadas como as “mais aptas”, com as ferramentas da geotecnologia, foi de aproximadamente 2.299,26 hectares e para as “áreas legais” de 1.299,59 hectares. Resultados esses, que embasaram a estimativa dos potenciais: ambiental de sequestro de gás carbônico que foi de 15.739,33 toneladas, social na geração aproximadamente de 7.797 empregos e econômico com uma estimativa de receita anual de R$ 64,32 milhões.
 
O estudo em geotecnologia proporcionou em uma primeira fase, a identificação de 44 locais aptos à implantação da algicultura, com base em diferentes fatores e restrições no nível específico para a espécie Kappaphycus alvarezii. Em uma fase posterior, a metodologia adotada poderia ser implantada para outras espécies cultivadas superficialmente, para compor uma estratégia de implantação de novos cultivos.
 
A pesquisadora científica do Instituto de Pesca, Valéria Cress Gelli, especialista nos estudos da espécie, explica que “mesmo com os resultados positivos, a atividade da algicultura ainda não se desenvolveu comercialmente no litoral norte de São Paulo como esperado. Estamos aguardarmos, para isso, a publicação do Plano Gestor da Área de Proteção Ambiental Marinha do Litoral Norte, o qual beneficiará consideravelmente todo setor produtivo”.
 
Com a recente publicação da Instrução Normativa IBAMA n° 1, de 21 de janeiro de 2020, além de Rio de Janeiro e São Paulo, Santa Catarina foi autorizada a cultivar comercialmente macroalgas e, atualmente, quatro linhagens cultivadas no Instituto de Pesca estão sendo replicadas naqueles Estado, que comemora a autorização. As informações são do site Agrolink.