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Startup amplia monitoramento de peixes e camarões no Brasil
A multiplicação de negócios no agro brasileiro passa também por atividades como o monitoramento de peixes e camarões. A startup Meu Pescado, que nasceu há três anos para explorar esse filão, não só tem aproveitado o crescimento da produção de pescados no Brasil como acaba de receber um aporte de R$ 2 milhões para acelerar sua expansão. Os fundos Aimorés Investimentos, de São Paulo, e Incubate Fund, do Japão, lideraram a rodada, que teve a participação de dois investidores-anjo.
Com operações em todos os Estados do país, a Meu Pescado oferece serviço de controle operacional em diferentes tipos de tanques usados na criação de peixes. Como parte de seus planos de expansão, a empresa já abriu conversas com potenciais clientes no Paraguai e prevê fechar negócios na Bolívia e na Costa Rica ainda neste mês.
O serviço da companhia baseia-se em uma ferramenta digital que agrega informações sobre a criação de pescados que os próprios criadores fornecem. Os produtores registram seus tanques e informam as características da estrutura, o tipo de cultivo e a espécie que criam.
A startup monitora as informações por meio de um aplicativo. A quantidade e o tipo de ração que os animais consomem, o registro de doenças, as taxas de crescimento de peixes e camarões e a qualidade da água são os aspectos mais relevantes que a companhia consegue monitorar, diz Jorge Oliveira, principal executivo da Meu Pescado.
Com a fazenda “espelhada” no aplicativo, os engenheiros de aquicultura e zootecnistas da startup analisam os dados mais relevantes. Com esse trabalho, eles podem oferecer orientações aos produtores sobre como elevar a produtividade do criatório.
Os produtores podem acessar as informações em um programa para computadores e também em um aplicativo de celular. Para facilitar a coleta de dados e driblar falhas de conectividade, um problema comum no meio rural, o aplicativo funciona sem internet.
“Na piscicultura, a maior dificuldade é a falta de conhecimento, tanto sobre a produção quanto no acesso à tecnologia. Nós fazemos um papel educacional para os produtores”, diz Álvaro Leal, diretor financeiro da Meu Pescado.
Com os recursos que levantou na rodada de investimento, o foco da agtech é ampliar sua base de clientes. A meta da empresa é quadruplicar o número de produtores atendidos, elevando a base de 250 para mil clientes. Hoje, a maior parte da clientela é de produtores de camarão vannamei da costa do Nordeste e criadores de tilápia de Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais.
A Polinutri, que desenvolve produtos para a nutrição e saúde animal, é uma das clientes da agtech. “Em nossa base de clientes, temos produtores com 20 anos de profissão que conseguiram um aumento na produção de até 40%. Eu acredito que a piscicultura vai dominar boa parte do mercado de proteína animal no Brasil”, afirma Leal.
Segundo a Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR), o Brasil é o quarto maior produtor mundial de tilápia, espécie que representa 65% da produção nacional. Entre 2014 e 2023, a produção de peixes subiu 53,2%, saindo de 578,8 mil toneladas para 887 mil toneladas.
Hoje, a demanda pelo serviço da empresa é dividida meio a meio entre produtores de peixe e de camarão, mas Álvaro Leal acredita que quando o número de clientes crescer, a tendência é que isso mude. “Existem mais produtores de peixe, é natural que a demanda seja maior [nesse grupo]”, diz.
Além de buscar mais clientes, a startup vai investir em seu marketplace, por meio do qual ela faz a ponte entre produtores e compradores, em sua maioria frigoríficos e centrais de abastecimento. Hoje, a plataforma tem de 20 a 50 compradores fixos.
Por Marcos Fantin — São Paulo – Revista Globo Rural
Foto: Divulgação