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Tecnologia que utiliza vísceras de tambaqui pode reduzir gastos com ração, aponta pesquisa do Governo do Amazonas


No Brasil, o maior custo na produção animal é a alimentação, devido aos altos preços das rações e dos insumos necessários para a produção. Pesquisa, apoiada pelo Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), utiliza as vísceras (resíduos do processamento do peixe) do tambaqui (Colossoma macropomum) para transformá-las em silagem, com o objetivo de reduzir os gastos das rações animais.

Amparado via Programa Amazonas Estratégico, o estudo intitulado “Otimizações na qualidade da ração e no manejo alimentar para aumentar a competitividade da piscicultura no Amazonas” é coordenado pela doutora em zootecnia, Ligia Uribe Gonçalves, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Segundo ela, a produção de silagem é simples e requer pouco investimento, o que a torna uma tecnologia acessível para produção de um ingrediente para cadeia de ração na Amazônia.

“Apesar do baixo teor proteico, as silagens de vísceras de tambaqui contêm todos os aminoácidos essenciais para tambaquis. Além disso, apresentam alta quantidade de gordura, com maior teor de ácidos graxos insaturados”, complementou a zootecnista.

Ela reforçou ainda que os nutrientes da silagem são bem aproveitados pelo tambaqui e a inclusão de 20% de silagem úmida na formulação da ração não prejudica a qualidade física dos péletes (grânulos da ração) nem o crescimento dos peixes.

Processo da pesquisa

Primeiro, foram coletadas as vísceras de tambaqui de um frigorífico de pescado em Manaus, sendo submetidas à tecnologia de ensilagem fermentada. Esse processo utiliza iogurte vencido como fonte de bactérias láticas e melaço da cana-de-açúcar como fonte de açúcar.

Logo após a ensilagem, houve a avaliação da viabilidade de incluir a silagem úmida no processo de extrusão e seu impacto na qualidade física dos péletes de ração, além da análise de como o tambaqui aproveita os nutrientes da silagem e, assim, foi determinado o nível ideal de inclusão de silagem na dieta dos peixes, a fim de proporcionar o melhor crescimento dos animais.

O projeto fez parte da tese de Doutorado de Thiago Macedo Santana, intitulada: “Produção e caracterização de silagens de vísceras de peixes como ingrediente em rações para tambaqui (Colossoma macropomum, Cuvier 1818)”, que foi premiada como melhor tese do Programa de Ciência Animal e Recursos Pesqueiros (PPGCARP), da Ufam.

Impactos da produção

Os altos custos da piscicultura impedem que os produtores de peixe do Amazonas ofereçam preços competitivos em relação aos produtores dos estados vizinhos. “A silagem de tambaqui tem duas vantagens importantes: a disponibilidade uma nova matéria-prima para produção de ração  no estado e a contribuição para a sustentabilidade ambiental, ao destinar de forma útil as vísceras que atualmente não são aproveitadas”, disse Ligia Uribe sobre as soluções possíveis para a redução de custos.

As rações são formuladas a partir de uma mistura de ingredientes, como milho, soja, trigo, e resíduos do processamento de animais terrestres, como farinha de carne e ossos, farinha de vísceras de aves e farinha de sangue. Com base na pesquisa, verificou-se que a silagem de vísceras de tambaqui pode ser incluída na forma úmida em até 20% das dietas do peixe.

Apoio da Fapeam

“Investir em pesquisa é fundamental para desenvolver soluções inovadoras e sustentáveis, que impulsionem a eficiência e a sustentabilidade no setor primário, e tão relevante para o nosso estado e para o país”, disse a pesquisadora.

Amazonas Estratégico

O Programa Amazonas Estratégico visa financiar atividades de pesquisa científica, tecnológica e de inovação, nas seguintes linhas temáticas: 1) Agricultura (Fruticultura); 2) Aquicultura (Piscicultura e Peixes Ornamentais); 3) Química Fina, Biocosméticos e Biofármacos; 4) Tecnologia da Informação e Comunicação; 5) Novos materiais (biocompósitos, compósitos avançados e metamateriais bioinspirados); 6) Recuperação/Regeneração de Área Degradada; 7) Serviços ambientais; 8) Mineração.

Fonte: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas – FAPEAM

Fonte: https://www.aquaculturebrasil.com/
Foto: Divulgação