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YProdução integrada de tilápia e alface no Espírito Santo
Moradores de comunidades tradicionais do Espírito Santo estão ganhando alternativas de trabalho e geração de renda graças a um projeto de produção integrada de peixes e hortaliças em aquaponia. O Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) está implantando em caráter experimental tanques de tilápias integrados com a produção de alfaces e outras verduras em aquaponia em três comunidades pesqueiras.
A primeira comunidade a receber a unidade com 600 alevinos de tilápia foi a aldeia indígena de Areal, em Aracruz, onde moram cerca de 80 famílias. Com uma área de 140 metros quadrados, o sistema tem um tanque de 7 mil litros e um espaço de cultivo de hortaliças protegido com sombrite. Foi instalado em abril de 2023 sob os cuidados do cacique Jonas do Rosário e sua mulher, Zilma Maria Santos Vicente.
“O projeto veio na hora certa. A gente estava sem poder pescar por causa do derramamento de minério no rio. Eu estava tentando criar peixes em uma caixa d’água, mas era muito pequena e não estava dando resultados”, diz Zilma, se referindo ao rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG), que liberou 39 milhões de metros cúbicos de rejeitos nos rios em novembro de 2015.
Segundo a mulher do cacique, o Incaper fornece as mudas e a ração e os técnicos trocam a água do tanque a cada três meses. O sistema já começa a dar renda com a produção de tilápias integrada com alface e coentro. “Eu plantava alfaces na terra. Agora, planto na água. E já temos tilápias de meio quilo a 1,1 kg. Ficou bem mais fácil e lucrativo”, diz ela, que vende as verduras na feira e as tilápias em peixarias de Aracruz.
O zootecnista Rafael Vieira de Azevedo, extensionista do Incaper responsável pelo projeto, diz que o sistema é fechado com recirculação de água. Funciona assim: o efluente do tanque de peixes, repleto de nutrientes (sobras de ração e fezes) é direcionado para o sistema de filtragem. Esse sistema possui três tanques. No primeiro, chamado de decantador, é retirado o excesso de matéria orgânica e sólidos em suspensão.
Do decantador, o efluente passa para o biofiltro, onde é feita a ciclagem de nutrientes por ação bacteriana, tornando os nutrientes mais disponíveis e absorvíveis pelas raízes dos vegetais. O biofiltro é composto por diversos tipos de mídias filtrantes e forte aeração. Do biofiltro o efluente se dirige para a última caixa, chamada caixa de retorno, onde é bombeado de volta para o tanque.
Segundo ele, o custo da unidade de Areal totalizou R$ 11.726,07 porque ela foi desenhada como referência para demonstração do sistema. As outras duas unidades que estão sendo implantadas agora na comunidade de pescadores de Lajinha, também em Aracruz, e na comunidade quilombola de Ibiraçu, devem ser mais eficientes em gastos de energia e material e custar 25% menos.
Jocely Conceição dos Santos, presidente da associação dos pescadores de Lajinha, confirma que a pesca está muito prejudicada na região desde o desastre ambiental causado pelo rompimento da barragem da Samarco. Ele diz que a parceria com o Incaper é muito boa para a comunidade por trazer novas tecnologias e oportunidade de renda. O instituto está terminando a instalação da unidade experimental no local e a família se encarrega do plantio das mudas de alface em aquaponia.
O plano de Jocely é que todas as famílias da comunidade possam instalar uma unidade em seus quintais. “Tem alguns que não querem cultivar verduras, mas a tilápia que pode valer R$ 20 o quilo interessa a todos.”
A capacidade de produção anual da unidade foi estimada em 4 mil pés de alface e 266 quilos de tilápia
Após dois anos da implantação, a estrutura física permanecerá cedida às comunidades. “Ainda veremos a possibilidade de cessão também das bombas e compressores às associações de cada comunidade. Caso não haja possibilidade, faremos projeto de crédito para aquisição”, diz Azevedo.
O extensionista do Incaper ressalta que, embora desenhado para as comunidades tradicionais, o modelo atende desde agricultores familiares até grandes produtores porque as unidades são modulares e podem ser estendidas. Além do fácil manejo, o sistema reduz custos com recursos hídricos e fertilizantes por meio da recirculação de água e nutrientes.
O projeto do Incaper é financiado pelo Banco de Projetos de Pesquisa da Secretaria da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes).
Por Eliane Silva — Ribeirão Preto (SP) Foto: Divulgação
A primeira comunidade a receber a unidade com 600 alevinos de tilápia foi a aldeia indígena de Areal, em Aracruz, onde moram cerca de 80 famílias. Com uma área de 140 metros quadrados, o sistema tem um tanque de 7 mil litros e um espaço de cultivo de hortaliças protegido com sombrite. Foi instalado em abril de 2023 sob os cuidados do cacique Jonas do Rosário e sua mulher, Zilma Maria Santos Vicente.
“O projeto veio na hora certa. A gente estava sem poder pescar por causa do derramamento de minério no rio. Eu estava tentando criar peixes em uma caixa d’água, mas era muito pequena e não estava dando resultados”, diz Zilma, se referindo ao rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG), que liberou 39 milhões de metros cúbicos de rejeitos nos rios em novembro de 2015.
Segundo a mulher do cacique, o Incaper fornece as mudas e a ração e os técnicos trocam a água do tanque a cada três meses. O sistema já começa a dar renda com a produção de tilápias integrada com alface e coentro. “Eu plantava alfaces na terra. Agora, planto na água. E já temos tilápias de meio quilo a 1,1 kg. Ficou bem mais fácil e lucrativo”, diz ela, que vende as verduras na feira e as tilápias em peixarias de Aracruz.
O zootecnista Rafael Vieira de Azevedo, extensionista do Incaper responsável pelo projeto, diz que o sistema é fechado com recirculação de água. Funciona assim: o efluente do tanque de peixes, repleto de nutrientes (sobras de ração e fezes) é direcionado para o sistema de filtragem. Esse sistema possui três tanques. No primeiro, chamado de decantador, é retirado o excesso de matéria orgânica e sólidos em suspensão.
Do decantador, o efluente passa para o biofiltro, onde é feita a ciclagem de nutrientes por ação bacteriana, tornando os nutrientes mais disponíveis e absorvíveis pelas raízes dos vegetais. O biofiltro é composto por diversos tipos de mídias filtrantes e forte aeração. Do biofiltro o efluente se dirige para a última caixa, chamada caixa de retorno, onde é bombeado de volta para o tanque.
Segundo ele, o custo da unidade de Areal totalizou R$ 11.726,07 porque ela foi desenhada como referência para demonstração do sistema. As outras duas unidades que estão sendo implantadas agora na comunidade de pescadores de Lajinha, também em Aracruz, e na comunidade quilombola de Ibiraçu, devem ser mais eficientes em gastos de energia e material e custar 25% menos.
Jocely Conceição dos Santos, presidente da associação dos pescadores de Lajinha, confirma que a pesca está muito prejudicada na região desde o desastre ambiental causado pelo rompimento da barragem da Samarco. Ele diz que a parceria com o Incaper é muito boa para a comunidade por trazer novas tecnologias e oportunidade de renda. O instituto está terminando a instalação da unidade experimental no local e a família se encarrega do plantio das mudas de alface em aquaponia.
O plano de Jocely é que todas as famílias da comunidade possam instalar uma unidade em seus quintais. “Tem alguns que não querem cultivar verduras, mas a tilápia que pode valer R$ 20 o quilo interessa a todos.”
A capacidade de produção anual da unidade foi estimada em 4 mil pés de alface e 266 quilos de tilápia
Após dois anos da implantação, a estrutura física permanecerá cedida às comunidades. “Ainda veremos a possibilidade de cessão também das bombas e compressores às associações de cada comunidade. Caso não haja possibilidade, faremos projeto de crédito para aquisição”, diz Azevedo.
O extensionista do Incaper ressalta que, embora desenhado para as comunidades tradicionais, o modelo atende desde agricultores familiares até grandes produtores porque as unidades são modulares e podem ser estendidas. Além do fácil manejo, o sistema reduz custos com recursos hídricos e fertilizantes por meio da recirculação de água e nutrientes.
O projeto do Incaper é financiado pelo Banco de Projetos de Pesquisa da Secretaria da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes).
Por Eliane Silva — Ribeirão Preto (SP) Foto: Divulgação